São conceitos muito comuns no dia a dia dos consumidores, muitos ainda não sabem como é que se define o mercado de eletricidade. Na verdade, uma das principais dúvidas têm que ver com as diferenças entre o mercado regulado e o mercado liberalizado de energia, conceitos básicos e pertinentes para conseguir ter uma fatura mais baixa. Desta forma, procuramos apresentar as características inerentes a cada mercado e se compensa mudar para o mercado livre de eletricidade.
Mercado regulado vs. mercado liberalizado
Antes de percebermos o que significa especificamente cada um deles, importa entender que o mercado de energia em Portugal conta com uma série de empresas, desde distribuidoras a comercializadoras de luz e gás.
As distribuidoras trabalham para a energia chegar às nossas casas e resolvem avarias na iluminação pública, por exemplo. Já as comercializadoras oferecem tarifas ao encontro das necessidades dos clientes. No mercado livre é isso que acontece, enquanto no regulado a distribuidora opera habitualmente como comercializadora.
O mercado livre de energia nasceu em 2006 com o intuito de apresentar melhores ofertas de eletricidade e gás natural e de satisfazer os interesses dos consumidores que procuravam simultaneamente o melhor serviço e o custo mais baixo. No mercado liberalizado começaram a operar empresas de luz como Endesa, a Galp, a Iberdrola ou a Goldenergy, entre outras.
O que é o mercado livre de energia?
Este nasce do objetivo de diminuir o preço da fatura de energia e reduzir burocracias quando o assunto é poupar nas despesas de eletricidade. Eis as principais características do mercado livre:
- Liberdade da oferta: passaram a existir múltiplas tarifas de eletricidade e gás, mais competitivas, pela necessidade de responder a diferentes perfis de consumidores;
- Preços mais atrativos: os preços são regulados pelas próprias comercializadoras e não pela ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos). Ou seja, passou a haver uma autonomia nas condições e os preços são revistos com maior frequência;
- Qualidade do serviço: graças à panóplia na oferta, as comercializadoras começaram a ficar mais preocupadas com a satisfação dos clientes;
- Mercado europeu de energia: uma União Europeia que sai em defesa da sustentabilidade e menos dependente do estrangeiro.
Mesmo assim, para muitos a grande vantagem do mercado livre é a inexistência de fidelização nos contratos de eletricidade e/ou gás natural. Os clientes podem mudar de comercializadora sempre que acharem pertinente e sem problemas. Normalmente, a mudança de comercializadora não tem custos associados, à excepção dos casos em que a isso é expresso no contrato.
O que é o mercado regulado de energia?
O mercado regulado de energia ainda existe em Portugal e é totalmente regulado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE). Até 2006, o mercado regulado era único e exigia a celebração de contrato com a EDP Universal - atual SU Eletricidade. As principais características do mercado regularizado são:
- Contrato limitado a uma comercializadora, sem alternativas: após a instalação elétrica, os consumidores passam a ser vinculados à SU Eletricidade;
- Falta de competitividade no mercado regulado: a SU Eletricidade continua a ser a única comercializadora de eletricidade deste mercado;
- Mercado regulado com baixa qualidade do serviço: uma vez vinculado a uma só empresa, a tarifa de eletricidade ou gás natural mantém-se idêntica durante muito tempo, com preços revistos com pouca frequência;
- Consumidores mais restritos: O cliente tem mais dificuldade em negociar condições do contrato e de conseguir encontrar um pacote que lhe satisfaça.
A SU Eletricidade é, em Portugal Continental, a única empresa de eletricidade a atuar no mercado regulado de energia. A ela juntam-se 10 cooperativas que atuam no Continente e ainda uma série de comercializadoras de gás natural, conhecidas como comercializadores de último recurso (CUR). No caso da Madeira e Açores, operam a Eletricidade da Madeira e a EDA, respetivamente.
Quando mudar para o mercado liberalizado em Portugal?
A transição do mercado regulado para o mercado livre de energia está a levar mais tempo do que inicialmente foi pensado. Isto acontece pela diversidade da oferta, logo a maioria dos consumidores continua com dúvidas sobre qual a melhor companhia.
Na Madeira e nos Açores é preciso mudar para o mercado livre?
Não. Os habitantes das regiões autónomas portuguesas não precisam de se preocupar com a mudança do mercado regulado para o mercado livre, uma vez que são mercados mais pequenos e as respetivas distribuidoras funcionam como comercializadoras.
Qual a diferença entre EDP Comercial e EDP Universal?
Este é o exemplo mais flagrante quando pensamos nas diferenças do mercado livre vs. mercado regulado. A EDP Universal, atualmente SU Eletricidade, é a marca do Grupo EDP que opera no mercado regulado. Por sua vez, a EDP Comercial opera no mercado livre. Ambas são independentes uma da outra e dispõem de características próprias que podes conhecer na tabela abaixo:
EDP Comercial vs. SU Eletricidade | |
EDP Comercial | SU Eletricidade / EDP Universal |
Oferta de tarifas e pacotes de eletricidade diversificados | Preço fixo |
Preços abrangentes e mais descontos | Descontos inexistentes |
Tarifas duais de eletricidade e gás natural | Uma só tarifa de eletricidade e nem sequer existem tarifas de gás natural |
Serviços de assistência técnica e de reparação de eletrodomésticos | Sem serviços de assistência ou reparação de eletrodomésticos |
Ofertas em painéis solares, cinema e planos de saúde | Falta de campanhas atrativas |
Cliente pode mudar para outra comercializadora sem custos e quando quiser | Mercado temporário que exige a transição para o mercado livre até 2025 |
Preço da eletricidade do mercado regulado vs. mercado livre
O preço do mercado regulado costuma ser tendencialmente mais alto que o mercado livre, uma vez que era fundamental incentivar a transição. Com a variação constante dos preços no mercado livre, a subida da inflação, pandemia e a Guerra na Ucrânia, tal deixou de ser tão evidente. A tendência de aumento dos preços de eletricidade continua em 2022, portanto mais do que nunca é essencial conhecer os preços de eletricidade em Portugal:
Companhia de Eletricidade | Tarifa de Luz mais barata | Preço da eletricidade (€/mês) |
SU Eletricidade | Tarifa regulada simples | € 73,86 |
Goldenergy | + Cliente Monoelétrico (DD+FE)* | € 91,91 |
Endesa | Tarifa e-luz&gás | €92,81 |
EDP | Eletricidade (DD+FE)* | € 93,25 |
Galp | Casa & Mobilidade Elétrica Eletricidade Verde | € 102,07 |
Iberdrola | Casa (FE e DD) | € 190,92 |
*Consideramos para esta tabela a única tarifa do mercado regulado e algumas tarifas do mercado livre com adesão à fatura eletrónica e ao débito direto para uma família de 4 pessoas, consumo anual de 5.000 kWh/ano e potência contratada de 6.9 kVA. Em todos os casos tivemos em conta a opção horária simples.
Como é possível constatar na tabela, a tarifa única da SU Eletricidade é mais barata que as tarifas do mercado livre. No entanto, há que perceber que a tarifa transitória de Baixa Tensão Normal termina a 31 de dezembro de 2025, logo a mudança terá mesmo que ser feita. Sem esquecer ainda que as tarifas do mercado livre são muito mais abrangentes em termos de vantagens, serviços de assistência e promoções.
Tendo em conta as respetivas ofertas do mercado de energia, é o consumidor que tem a última palavra. Assim poderás ficar no mercado regulado até 2025 e depois transitar normalmente ou mudar já para o mercado livre e ter acesso a uma série de respostas que vão ao encontro das necessidades do teu lar e da tua família.
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