Qual é a linha que separa a imaginação, realidade e ilusão? Explicamos este fenómeno que está a dar que falar.
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A influência nas redes sociais cresce de dia para dia e a nossa recetividade também. Somos toldados pelos 'influencers', seguimos as "trends", acreditamos no que lemos, vivemos embebidos num mundo virtual e muitas vezes imaginário. Mas onde é que é o limite entre a realidade, a imaginação e a ilusão? Quando é que se pisa a linha que nos torna delusionais ou delirantes? E será que pisar essa linha é algo negativo?

Ser delusional ou “delulu”

O Tiktok lançou uma nova tendência que está a ganhar mais e mais adeptos: ser “delulu”. Ser “delulu” signidica ser delusional ou delirante (tradução literal). É um termo de linguagem corrente que deriva da palavra inglês "delusional" e é frequentemente usado em comunidades online para descrever pessoas que são, de forma exagerada e irreal, otimistas ou idealistas em relação a uma situação particular da sua vida. 

Discute-se que uma pessoa que seja descrita como “delulu” possa ter expectativas com falta de fundamento baseado na realidade, que viva numa ilusão e alienada da sua vida real.

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Ainda assim, delusional ou não, este termo tem vindo a ganhar popularidade nos últimos meses e o seu hastag - #delulu - já foi usado no tiktok mais de 6.2 biliões de vezes e promete continuar a expandir através dos seus utilizadores, que ficam mais e mais entusiasmados com a nova forma de lidar com a vida e com os problemas que ela por vezes nos traz. 

Os utilizadores e influencers explicam que é uma forma de levar a vida de forma otimista, de criar autoconfiança e autoestima. Cria-se a ideia de que tudo acontece a nosso favor e que tudo nos leva o um lugar melhor. Tem-se confiança de que tudo o queremos se materializará e que os sonhos são possíveis de alcançar.

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O verdadeiro método milenar antes da moda do tiktok

Antes do Tiktok vir à baila, há muitos milhares de anos, o yoga apareceu e ensinou sobre a visualização criativa como um método poderoso para a transformação do homem e da sua vida.

Tal como o conceito moderno “delulu” (que não faz jus à prática espiritual que pretende obter resultados similares), a visualização criativa é ancorada na ideia de que os nossos pensamentos, conscientes, benéficos, podem atrair no radar da nossa vida uma realidade desejada e ajudar a atingir certos objetivos que o coração pede.

Infelizmente, o termo “delulu” reflete para algo delirante, algo “extravagante, insensato” (definição do dicionário priberam), enquanto a técnica da visualização criativa remete para o desenvolvimento da capacidade mental de forma a fortalecer, unificar e direcionar o potencial mental – que, na maior parte dos casos, está constantemente num estado caótico e confuso. E com o tempo passado rodeado de tecnologias a mente perde mais e mais a capacidade de foco devido aos inúmeros estímulos recebidos, tornando-se a nossa inimiga e nunca nos deixando estar em silêncio interior.

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Esta prática não tem ligação com hipnose ou autossugestões, nem está na raiz de um estado delirante: consiste, sim, na concentração da energia ao nível do plano mental (dos pensamentos) de forma a criar um plano (possível de ser alcançado e realizado) para alcançar certos objetivos desejados a qualquer nível da existência humana. 

Bhavana é o termo utilizado, em língua sânscrita, para definir a técnica de visualização criativa. Esta técnica ajuda a reduzir a atividade mental que é dispersa e confusa e ajuda a ganhar foco e a desenvolver o poder de ação. 

Visualizamos aquilo que desejamos obter na nossa vida, orientamos toda a nossa energia nessa direção, mas temos de ter em conta que a ação propriamente dita também conta. Se queremos encontrar um amor na nossa vida, podemos visualizá-lo diariamente, com foco, fé e aspiração para que tal aconteça, mas não podemos ficar enfiados em casa à espera que ele nos venha bater à porta. A visualização criativa também implica ação e empenho a nível físico, não apenas mental. 

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É importante referir que qualquer objetivo que desejemos obter deva estar em harmonia com o bem individual e o bem comum, para que os resultados sejam mais eficazes. Com o poder de foco mental vamos usar toda a energia num objetivo específico de forma a criar as condições psicológicas e uma estratégia específica para fazer o que seja necessário para nos levar à realização dos nossos objetivos.

Quando visualizamos de forma criativa e benéfica estamos a transformar intenções ou ideias em imagens mentalmente claras e estamos a decidir o que queremos atrair para a nossa vida. Tal como se tivéssemos um rádio numa estação específica e quiséssemos mudar de estação: enquanto mudamos de estação temos de adaptar a frequência de vibração específica onde essa estação é emitida. É exatamente isso que acontece com a visualização criativa: o seu processo é o mesmo de procurar a nova estação de rádio – aquela que nós queremos estar a ouvir constantemente.  

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Se visualizares aquilo que pretendes alcançar e acreditares naquilo que visualizas, podes alcançar tudo o que quiseres e terás a capacidade inata para transformares a tua vida com o poder mental e capacidade de ação, visto que a tua confiança vai crescer e vais ter a força suficiente para dares os passos necessários para atingires qualquer objetivo que te propuseste a alcançar. Não basta sonhares acordado – tens de fazer acontecer: com o teu poder de foco, concentração e com o teu poder de ação.

A internet cria novas tendências todos os dias, e a maior parte delas não são levadas a sério (nem valem a pena). Mas desta vez fica a esperança de que esta nova moda do "delulu" seja um passo para que possamos começar a usar o inigualável poder da nossa mente para transformar as nossas vidas e sermos mais felizes que nunca.

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