Comprar e reabilitar 30 prédios na Baixa de Coimbra é um dos projetos para o PT2030. Mas há outros ligados à arte e à saúde.
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Reabilitar prédios em Coimbra
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Para o quadro comunitário PT2030, a Câmara Municipal de Coimbra apresentou projetos no valor de 500 milhões de euros. E entre os projetos previstos está um “plano Marshall” para a Baixa de Coimbra que passará pela aquisição e requalificação de prédios naquela zona da cidade. Um primeiro passo já está a ser dado neste sentido: a autarquia de Coimbra vai comprar um edifício na Praça do Comércio para acolher ‘startups’ e novas empresas, num investimento de 1,4 milhões de euros.

“Já chegámos a entendimento para adquirir um prédio na Praça do Comércio para recuperarmos e transformarmos e darmos vida” àquele espaço, disse à agência Lusa José Manuel Silva, que tomou posse como presidente da Câmara de Coimbra há um ano.

O edifício, que vai representar um investimento de cerca de 1,4 milhões de euros (600 mil euros na aquisição e o restante na sua requalificação), terá o rés-do-chão afeto ao comércio e os restantes andares prontos para acolher ‘startup’ ou empresas “que se queiram instalar” na cidade e possam ter ali um espaço provisório enquanto definem uma sede definitiva.

“Será um espaço arranjado em ‘open space’ para ‘startup’” e também como local de transição “para novas empresas que se queiram instalar”, num prédio que tem cerca de 900 metros quadrados de área. Este é um investimento que faz falta à cidade porque, segundo o autarca, “não há, em Coimbra, prédios de escritórios”.

Reabilitação em Coimbra
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Autarquia quer comprar 30 prédios na Baixa de Coimbra

“Temos como objetivo – não sei se o conseguiremos ou não – comprar 30 prédios da Baixa e recuperá-los para várias finalidades. Não sabemos se esse projeto será financiado e em que dimensão, mas é fundamental que a administração local dê esse sinal aos investidores de que está a apostar na revitalização da Baixa e que dê o impulso que a Baixa precisa, que tem um potencial de crescimento, nomeadamente com a passagem do metrobus”, realçou o autarca de Coimbra.

De acordo com José Manuel Silva, o investimento global estaria na ordem dos 60 milhões de euros, numa média de dois milhões de euros por prédio (aquisição e reabilitação), que dariam resposta não apenas à instalação de empresas, mas também para “atividades culturais, residência e outras finalidades que a Baixa possa receber”.

“Esse investimento seria suficiente para mudar a face da Baixa”

A captação de novas empresas para se instalarem em Coimbra é um dos focos do autarca, que já realizou cerca de 1.300 reuniões com entidades externas. “O facto de recebermos os empresários em conjunto com a Universidade de Coimbra, o IPC [Instituto Politécnico de Coimbra], o IPN [Instituto Pedro Nunes] e o IParque dá outra imagem de Coimbra”, disse José Manuel Silva.

Depois de ter sido anunciada a instalação de um escritório da francesa Airbus na cidade, José Manuel Silva salientou que “há mais duas [empresas] na calha”, que em breve irão instalar-se no concelho, mas escusou-se a avançar com pormenores sobre esses processos.

Empresas em Coimbra
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Quais são os outros projetos para Coimbra incluídos no PT2030?

O “plano Marshall” para a Baixa de Coimbra é apenas um dos projetos que a autarquia tem na calha para desenvolver nos próximos oito anos. Há outros que foram submetidos ao quadro comunitário PT2030 e que, no seu conjunto, somam 500 milhões de euros de investimento – o quíntuplo do valor apresentado para o PT2020.

A autarquia tem “muitos projetos diferenciadores para a cidade”, sendo agora necessário “começarem as negociações” com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), adiantou o presidente da Câmara de Coimbra.

Entre os projetos previstos está também o Centro de Arte Contemporânea de Coimbra e a transformação do antigo Pediátrico num espaço com valência de residências artísticas, mas que também acolha associações do concelho.

“É importante que Coimbra se assuma como motor de desenvolvimento de toda a região e, nesse sentido, os projetos são fundamentais para alavancar o desenvolvimento de toda a região”

Questionado sobre a criação de um pavilhão para eventos de maiores dimensões, o autarca assumiu que Coimbra tem essa necessidade, mas a ideia inicial de o localizar “no espaço intramuros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova” poderá não avançar face aos condicionamentos de utilização de parte daquele monumento para um projeto hoteleiro.

Outra possibilidade, notou, será na construção da nova estação intermodal de Coimbra, já que o projeto inicial do arquiteto catalão Joan Busquets que o atual executivo recuperou previa “uma nave de eventos naquela zona”.

Questionado sobre o acordo de utilização do Estádio Cidade de Coimbra com a Associação Académica – Organismo Autónomo de Futebol, o presidente da Câmara referiu que, na revisão do acordo, que termina em 2024, estará “em debate o modelo de exploração” daquele espaço, nomeadamente um maior uso da infraestrutura para grandes eventos culturais e musicais.

“Isso implica, desde logo, encontrar uma solução alternativa para a pista de ‘tartan’ e estamos a trabalhar nisso, num processo de triangulação com a Universidade de Coimbra e uma possível valorização do Estádio Universitário”, referiu.

Obras em Coimbra
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Coimbra está em articulação “excelente” com o Governo

Em entrevista à agência Lusa, José Manuel Silva disse que a relação com o Governo tem sido “excelente”, apesar de não receber acolhimento de tudo o que é pedido pela autarquia.

Se no caso da nova maternidade de Coimbra tudo está a correr tal como previsto no cronograma, já na área da justiça o presidente da Câmara aponta críticas à ausência de respostas do Governo para alguns investimentos fundamentais na cidade.

“Fomos informados de que não há financiamento para o novo Palácio da Justiça e não aceitaremos que Coimbra esteja à espera deste projeto há 50 anos e que o Governo considere na área da justiça qualquer outra obra prioritária que não o Palácio”, protestou.

Relativamente à Prisão de Coimbra, o autarca também não aceita que a sua deslocalização seja “relegada para segundo plano”.

*Com Lusa

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