Aumento dos juros ao longo de 2023 tem arrefecido a procura de créditos por parte das empresas. Mas não em todos os setores.
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Crédito a empresas de construção e imobiliário
Foto de Timothy Huliselan no Pexels

A subida de juros ao longo de 2023 tem arrefecido a procura de créditos por parte das empresas em Portugal. Tanto assim foi que pela primeira vez desde 2017, a variação anual do montante total de empréstimos às empresas foi negativa. Mas esta não é uma realidade que toca nos setores de atividade de igual forma: no caso das empresas de construção e imobiliário, o valor total de créditos subiu 1,8% no ano passado, estando em contraciclo com outros setores, como a indústria, comércio, transportes e alojamento.

“O montante de empréstimos concedidos pelos bancos às empresas foi de 73,4 mil milhões de euros no final de 2023, menos 1,8 mil milhões de euros do que no final de 2022”, revela o Banco de Portugal (BdP) no boletim publicado na passada sexta-feira, dia 26 de janeiro.  E dá nota que o crescimento destes empréstimos tem vindo a abrandar desde 2020 até 2022, com o ano de 2023 a apresentar mesmo uma “taxa de variação anual foi negativa (1,1%), o que não acontecia desde 2017”.

Esta informação vai ao encontro da divulgada no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito de janeiro: apesar de não haver alterações dos critérios de concessão de crédito às empresas e de até ser registar uma “ligeira diminuição do spread” nos empréstimos de risco médio a pequenas e médias empresas (PME), a verdade é que se observou uma “ligeira diminuição da procura, por parte das PME e das grandes empresas”. Porquê? Devido aos altos juros e “à redução das necessidades de financiamento do investimento”, explicam.

Em concreto, "os empréstimos das pequenas e das médias empresas decresceram 3,3% e 5,8% em 2023, respetivamente. Os empréstimos concedidos às grandes empresas, que cresceram 0,7% em 2022, apresentaram, em 2023, uma taxa de variação anual de -1,9%”. Já as microempresas apresentaram um crescimento dos empréstimos relativamente ao ano anterior: 3,7%.

Olhando para os setores de atividade, salta à vista que na construção e atividades imobiliárias, os empréstimos continuaram a crescer (1,8%) em 2023, embora menos do que no ano anterior (4,2%). Isto pode indicar que a construção e imobiliário estão em contraciclo já que “os empréstimos concedidos aos setores das indústrias e eletricidade e do comércio, transportes e alojamento decresceram 4,6% e 2,0%, respetivamente, em relação a 2022”, revela o BdP no documento.

Mas num futuro próximo as empresas de construção podem vir a ter mais dificuldades em pedir financiamento à banca. As perspetivas do BdP para os próximos seis meses indicam que “os critérios de concessão de crédito ligeiramente mais restritivos para empresas do setor da construção de edifícios e atividades imobiliárias, em particular associadas ao ramo comercial”, diz no inquérito.

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