Construção quer subir preços até outubro – e deverá impactar inflação

As empresas de construção que operam em Portugal estão a preparar-se para subir preços de venda entre agosto e outubro. Esta é uma expectativa dos empresários não só da construção, bem como de todos os setores de atividade, o que deverá dificultar a desaceleração da inflação no país.

Os resultados dos inquéritos mensais de conjuntura às empresas de julho, publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na semana passada, revelam que a generalidade dos empresários em Portugal estão a preparar novas subidas dos preços de venda ao consumidor nos próximos três meses.

“O saldo das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda aumentou significativamente em julho na Indústria Transformadora, na Construção e Obras Públicas e no Comércio e, de forma moderada, nos Serviços”, lê-se no boletim estatístico.

No setor da construção e obras públicas, os empresários antecipavam um alívio nos preços desde o início do ano, mas essa intenção mudou em julho. “O saldo das perspetivas de preços praticados pelas empresas nos próximos três meses aumentou em julho, após ter diminuído entre março e junho, quando atingira o mínimo desde dezembro de 2020”, explica ainda.

O principal fator limitativo à atividade da construção indicado “continuou a ser a dificuldade em recrutar pessoal qualificado, verificando-se nos últimos quatro meses um aumento da percentagem de empresas que referiu este obstáculo, atingindo um novo máximo da série”, refere ainda o INE.

A par de tudo isto, as empresas de construção e obras públicas também estão menos confiantes face ao futuro, com a redução desde indicador em julho (embora tenha aumentado entre abril e junho). “A evolução no último mês refletiu o contributo negativo das duas componentes, apreciações sobre a carteira de encomendas e perspetivas de emprego”, refere o instituto. Mas enquanto há menor confiança na Engenharia Civil e de Atividades Especializadas de Construção, o sentimento de segurança na conjuntura aumentou entre os promotores imobiliários e na construção de edifícios.

Se a construção e os outros setores de atividade cumprirem as previsões e aumentarem os preços até outubro, o processo de desaceleração da inflação em Portugal poderá ser impactado, o que, em última análise, influenciará negativamente a desinflação na zona euro, um dado importante na hora do Banco Central Europeu (BCE) decidir sobre o rumo da sua política monetária em setembro.