Entrevista ao diretor geral da Vérticus, empresa com percurso de 30 anos no Porto e que atua na gestão e comercialização de empreendimentos residenciais e de serviços.
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“Os investidores estão ávidos para encontrar novas oportunidades no mercado imobiliário"
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A Vérticus, empresa com acumulada experiência e 'know-how' em toda a cadeia do imobiliário, acompanhou nos últimos 30 anos o desenvolvimento de um conjunto de projetos nos diferentes segmentos. Em entrevista, o diretor geral da companhia, Ricardo Coimbra, fala do impacto da pandemia da Covid-19 na sua atividade própria, bem como no mercado imobiliário, apontando oportunidades, apesar dos constrangimentos do momento.

Que projetos está a acompanhar a Vérticus neste momento?

A Vérticus está atualmente a trabalhar em dois projetos residenciais na Foz do Douro, sendo que um deles fica na primeira linha de mar. O segundo é um condomínio fechado com apenas 12 habitações multifamiliares. Os dois projetos encontram-se na fase de licenciamento e a comercialização estará prevista a início de 2022. E estamos certos do sucesso de ambos os projetos porque estão a ser projetados à medida das necessidades do mercado A+, a quem se destinam.

Em termos de imóveis comerciais e de investimento qual é neste momento a situação?

Tínhamos muito trabalho desenvolvido para lançarmos o Buil To Suit, constituído por dois edifícios de serviços dedicados a empresas financeiras e tecnológicas. Congelamos esses projetos na expectativa de haver uma retoma do mercado de serviços no pós-Covid, que inevitavelmente terá uma dinâmica lenta e trará alterações das necessidades, quer a nível de números de postos de trabalho, quer ao nível de layouts dos workplaces. Sobre isso há muitos estudos, cujas conclusões irão influenciar as orientações e as decisões estratégicas das grandes organizações.

Na nossa opinião, o teletrabalho é algo contranatura. O trabalho deve ser feito nos espaços próprios com toda a dinâmica subjacente, ainda que seja inevitável a adaptação dos espaços para se tornarem mais sustentáveis e aprazíveis. Mas é nesses espaços de trabalho que os recursos serão mais produtivos.

A Vérticus está atualmente a trabalhar em dois projetos residenciais na Foz do Douro e estamos certos do sucesso de ambos, porque estão a ser projetados à medida das necessidades do mercado A+, a quem se destinam.

Quais os serviços com mais peso e mais solicitados pelos promotores e investidores?

Somos consultados maioritariamente para analisar oportunidades de investimento, para fazer estudos de mercado, identificar oportunidades e fatores críticos de sucesso. Damos conselhos rigorosos, sempre baseados na primazia dos estudos de mercado e no 'know-how' de 30 anos de experiência em consultoria imobiliária.

Geralmente acompanhamos todo o processo de gestão de promoção dos projetos com os quais estamos envolvidos e no final fazemos a gestão comercial, porque é uma das nossas atividades.

Qual a sua opinião sobre a situação do mercado imobiliário no Porto e a perspetiva no curto prazo?

Somos um povo resiliente com a capacidade de nos reinventarmos perante cenários pessimistas. Há alguns indicadores preocupantes, com o fim das moratórias se não houver nenhum tipo de compensação, que irá provocar alguma fragilidade em alguns setores económicos, nomeadamente no turístico onde infelizmente nem todos vão aguentar.

A boa perspetiva para a indústria hoteleira é que estamos todos fartos de ouvir falar em Covid, estamos desejosos de sair de casa, seja para dar umas escapadelas ou mesmo gozar umas merecidas férias cá dentro. Temos a situação sanitária minimamente controlada, por isso, de momento temos as condições essenciais para reter o turismo interno e atrair o turista internacional.

Esta realidade, aliada à consciência que todos temos que ter de que o vírus ainda faz parte das nossas vidas - se não voltamos ao confinamento, o que não queremos -, vai permitir gerar alguma dinâmica para os operadores começarem a abrir as suas portas e fazer aquilo que tão bem sabem fazer.

Na nossa opinião, o teletrabalho é algo contranatura. O trabalho deve ser feito nos espaços próprios com toda a dinâmica subjacente, ainda que seja inevitável a adaptação dos espaços para se tornarem mais sustentáveis e aprazíveis. Mas é nesses espaços de trabalho que os recursos serão mais produtivos.

No mercado residencial sentiram alguma desaceleração antes do confinamento?

Desde 2014 que a Vérticus monitoriza mensalmente a maioria dos empreendimentos residenciais do Porto, Gaia e Matosinhos destinados aos segmentos de mercado A e B. Neste momento, monitorizamos cerca de 38 empreendimentos.

No segundo semestre de 2019 já tínhamos sentido os sinais de abrandamento da procura e, consequentemente, das taxas de absorção pelo mercado face aos números registados nos dois anos anteriores.

Não podemos dizer que seria uma contração do mercado, mas os primeiros sinais dos investidores nacionais e estrangeiros que passaram a estar mais seletivos e exigentes relativamente binómio preço/qualidade da oferta existente.

Existiram, contudo, algumas exceções à regra com novos lançamentos de empreendimentos localizado em zona prime do Porto, com habitações feitas à medida das necessidades do segmento A e B, e que foram vendidos em tempo recorde (cerca de seis meses).

No último ano sentiu que houve alteração das preferências dos clientes?

Durante estes 12 últimos meses o país fechou-se em casa, fizeram-se muitas reflexões face às condições de habitabilidade instaladas e as desejáveis, tendo-se mudado de alguma forma as preferências da procura. Muitas famílias, instaladas com as suas vidas rotinadas e aparentemente sem necessidade de mudar de casa, aperceberam-se, durante o confinamento, que seriam mais felizes se tivessem outras condições.

Dependendo do segmento de mercado de cada uma das famílias, geraram-se realmente muitas alterações de necessidades que pressupõem novas oportunidades de negócio imobiliário. Uns passaram a procurar condomínios fechados, com áreas de lazer exteriores para as crianças, outros estão a optar por comprar terrenos para terem a sua própria privacidade, e outros desejam mudar as suas vidas para o interior em zonas mais rurais desde que tenham boa rede móvel.

Como exemplo desta realidade, só na Quinta Marques Gomes, nos últimos 12 meses, colocaram-se cerca de 70 lotes de moradias para famílias que procuram mais qualidade de vida e privacidade.

Durante estes 12 últimos meses o país fechou-se em casa, fizeram-se muitas reflexões face às condições de habitabilidade instaladas e as desejáveis, tendo-se mudado de alguma forma as preferências da procura. Muitas famílias, instaladas com as suas vidas rotinadas e aparentemente sem necessidade de mudar de casa, aperceberam-se, durante o confinamento, que seriam mais felizes se tivessem outras condições.

Sente que os investidores estão a regressar?

Os investidores estão ávidos para encontrar novas oportunidades de investimento.

Os mercados de capitais tiveram rentabilidades interessante nos últimos anos fruto dos investimentos feitos em empresas tecnológicas que emergem constantemente nesta revolução tecnológica que vivemos. Os investidores, que investiram nestes dois últimos anos neste mercado, estão disponíveis para diversificar os seus investimentos no mercado imobiliário.

Por outro lado, se existem investidores que foram apanhados nesta época de pandemia alavancados com muitos investimentos em curso, existem muitos outros, sobretudo internacionais, que estão disponíveis para investir em Portugal. Estamos no seu radar, como uma opção segura com indicadores macroeconómicas interessantes, onde se podem obter boas taxas de rentabilidade e que os motiva para virem financiar a instalação de grandes multinacionais que querem aproveitar a mão-de-obra especializada dos nossos talentos.

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