Os preços dos imóveis estão a subir de forma acelerada em vários países até níveis pré-crise, alerta um estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI). O mesmo conclui que ainda não é hora de pânico, mas alerta para a necessidade de reforçar vigilância sobre os preços. Portugal registou a 15ª maior subida anual entre mais de 60 países analisados.
“Entre 2007-08, os preços dos imóveis colapsaram, marcando o início da crise. Agora, o índice de preços de habitação do FMI mostra que estamos quase de volta a preços pré-crise”, referem Hites Ahir e Prakash Loungani, do FMI.
Segundo o documento, analisados os preços e as condições de mercado de dezenas de países, chegou o tempo de apertar a vigilância. Isto apesar de ainda não ser hora de pânico. Os especialistas consideram que a evolução dos preços não está a ocorrer de forma sincronizada em todos os países e cidades, ao contrário do pré-crise, sendo que hoje já existe alguma regulação para contrariar estas “bolhas imobiliárias".
Os economistas analisaram a evolução recente em 57 países e identificaram três comportamentos: em 18 países, os preços caíram com a crise e assim persistem; noutros 18 países, os preços colapsaram e sobem agora de forma significativa; em 21 países, os preços caíram um pouco e revalorizaram logo.
Portugal encontra-se na segunda categoria, designada de “bust and boom”, já que depois de uma queda acentuada os preços voltaram a ter subidas significativas a partir de 2013. Em Portugal, os imóveis valorizaram 6,4% no último ano, o 15º registo mais elevado dos países analisados.
A falta de crédito em países como Portugal é outra razão apontada pelos responsáveis do FMI para recomendarem “vigilância”. “Muitos dos ‘booms’ no imobiliário foram alimentados pelo excesso de crescimento do crédito”, alertam, salientando que há falta de oferta: “As licenças para novas habitações cresceram só modestamente (...) e o impacto das limitações da oferta é evidente em várias cidades”.
Segundo o Diário de Notícias, também o Conselho Europeu para o Risco Sistémico (CERS) mostrou-se preocupado com o mercado imobiliário, tendo emitido alertas a oito países do euro por identificar nos mesmos “vulnerabilidades no setor imobiliário a médio prazo” suscetíveis de provocar um impacto sistémico na estabilidade da região.
Já o ex-presidente da CMVM, Carlos Tavares, alertou recentemente para a excessiva valorização do imobiliário. “Outros mercados, que no pré-2007 tinham escapado às bolhas imobiliárias (...), têm hoje comportamentos de preços que dificilmente poderão deixar de ser classificados como ‘bolhas’", disse em outubro.
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