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Habitação no Porto: especulação existe mas é pontual
GTRES

Os preços da habitação no Porto subiram bastante nos últimos tempos e há quem fale já de especulação. A verdade é que existe uma ou outra zona – sobretudo na Baixa da cidade, como Mouzinho da Silveira, Flores e Ribeira – onde os valores praticados são considerados demasiado elevados e sem refletir a qualidade do imóvel. Mas, na opinião dos promotores e mediadores imobiliários ouvidos pelo idealista/news, são situações pontuais que não devem confundir-se com a verdadeira realidade que se vive ainda na Invicta.  

O Porto, confirmam os especialistas, tem atualmente uma oferta de habitação escassa para a cada vez maior procura, tanto por parte de portugueses como estrangeiros, sobretudo brasileiros, que disparou no último ano. 

De acordo com os dados mais recentes, publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no início de maio, os preços de venda de casas em algumas freguesias do Porto chegam aos 1.955 euros por metro quadrado (m2), o que representa um aumento de 30% em relação ao último trimestre de 2016. É o caso das zonas de Foz do Douro e Nevogilde. Nas zonas da Baixa do Porto, que incluem Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória, os preços registaram, no mesmo período, um aumento de 35,7%, para 1.5112 euros por m2.

Preços disparam, mas Porto ainda mais barato que Lisboa

A cidade continua, porém, a apresentar um nível de preços na habitação - entre 40 e 50% - inferiores aos praticados em Lisboa, e só muito raramente é que os valores máximos atingem os 6.000 euros por m2, como aconteceu no emblemático Aliados 207, promovido pelo fundo Avenue, na Avenida dos Aliados, zona que será de futuro a montra da cidade. 

E, mesmo neste caso, o valor máximo foi praticado apenas num conjunto de tipologias exclusivas, como é o caso do apartamento T4, com o torreão, e num conjunto de outros com terraços, varandas interiores, janelas de grandes dimensões e vistas únicas. Os apartamentos "menos afortunados" do Avenida 107 – com um total de 23 frações - apresentavam preços que começavam nos 4.000 euros por m2. As vendas concretizaram-se em cerca de meio ano. 

Alojamento Local a encarecer a cidade

José Pedro Pinto, diretor-geral do grupo Habita - que atua na gestão de ativos, promoção e no arrendamento, e recentemente chegou à cidade -, considera que a subida de preços na Baixa relaciona-se, sobretudo, “com a maior procura de imóveis para o Alojamento Local (AL)”. 

Na sua opinião, esta situação é semelhante a outras cidades europeias, onde o turismo é um fator de atração importante. Mas, adverte, que alguma “especulação, e euforia que se vive, deve-se à imaturidade empresarial, que terá consequências futuras se a procura abrandar”. 

Má qualidade na construção 

Davide Pinto, dono da empresa de promoção Promotop, diz que a haver especulação verifica-se apenas em “pequenos nichos do mercado”, devido à maior procura de imóveis para o AL. Destaca que não se deve confundir a parte com o todo, já que a realidade do Porto é de 2.700 a 3.000 euros por m2, em zonas como a Boavista e Antas. 

Mas para este responsável, “pior que a especulação é a qualidade de construção que se está a fazer”. Na sua opinião, em certas zonas, como a de Mouzinho da Silveira, está a construir-se prédios sem qualidade. “Quando acabar a procura para o AL, ninguém quer aquilo”, diz. 

Em zonas como a Foz, Matosinhos Sul, Avenida da Boavista/Aviz e Parque da Cidade, onde a procura de habitação é muito superior à oferta, os preços médios estão a subir e em alguns empreendimentos topo atingem facilmente os 4.500 a 5.000 euros por m2. 

Cidade barata para estrangeiros 

Isabel Leite, broker da Remax Collection Oporto, entende que os preços no Porto apresentam uma margem de crescimento interessante. “O Porto é uma cidade barata para os estrangeiros e as pessoas acreditam que os preços vão continuar a valorizar-se”, destaca.  

Numa altura em Remax Collection Oporto prepara a abertura de uma loja que vai dedicar-se, especialmente, à venda de produtos do segmento de luxo, a responsável confirma o aumento de preços, sobretudo nos últimos três meses. Esta situação faz com que o “imobiliário seja caro para quem está cá, mas barato para quem chega”, diz, advertindo, porém, que estão longe dos preços elevados praticados em outras cidades europeias, e que são já visíveis em certas zonas de Lisboa. 

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