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Moita: o município mais barato da AMLisboa, onde o imobiliário está cada vez mais forte
Câmara Municipal da Moita

Localizado na margem Sul do Tejo, a Moita é o município mais barato para viver na Área Metropolitana de Lisboa (AML). Apresenta a renda média mais baixa e o menor preço mediano de venda de habitação. Mas, passada a estagnação dos anos da crise, o mercado imobiliário está a ganhar um novo fôlego neste concelho que quer ser património da Unesco - sobretudo graças à reabilitação urbana, fruto de investimento tanto público, como privado. 

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Olhares Sapo

A Moita segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de 2018, apresenta um valor de arrendamento de 4,03 euros por metro quadrado (m2), em oposição a Lisboa com 9,62 euros/m2. Mas mesmo dentro da realidade das rendas médias na Margem Sul, a Moita continua a ter o valor mais baixo quando comparado com Almada (6,00 euros/m2) ou com o Montijo que vem logo atrás deste município (4,47 euros/m2).

Também de acordo com o INE, no 3º trimestre de 2018, a Moita registou o menor preço mediano de venda de habitação que se fixou nos 630 euros/m2. Este é um valor bastante baixo quando comparado com os municípios de Lisboa (2877 euros/m2), Cascais (2167 euros/m2), Oeiras (1878 euros/m2), Loulé (1846 euros/m2) ou Porto (1525 euros/m2).

Nota negativa ao Aerporto do Montijo

Paredes meias com o novo aeroporto anunciado para o Montijo, a Moita rejeita, porém, que o imobiliário local esteja a beneficiar desta nova infraestrutura. Em declarações ao idealista/news o autarca da Moita diz mesmo temer pelo pior quando se fala deste projeto.

Questionado sobre os eventuais impactes para a região, o presidente da Câmara Municipal da Moita, Rui Garcia, refere que “ainda não verificámos alterações”, até porque, como realça, “no nosso entendimento, essa decisão ainda não está tomada a partir do momento em que não conhecemos qualquer estudo de impacte ambiental às consequências que essa opção teria para este território”.

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Câmara Municipal da Moita

A opção do Montijo para a construção de um terminal de apoio ao aeroporto de Lisboa, na opinião do edil, "não é uma decisão com futuro, é uma opção economicista que dá resposta aos interesses da concessionária Vinci e não aos interesses e futuro do país, e que terá graves repercussões na qualidade de vida das nossas populações e no nosso meio ambiente”.

Reabilitação está a ser o motor do imobiliário local

Se o aeroporto não faz mexer o imobiliário local, já a saída da crise fez. Com efeito, conforme Rui Garcia refere, o “mercado no concelho da Moita verificou um período de estagnação com os anos de maior crise económica e social mas, neste momento, existe uma inversão desse ciclo no que se refere a novas habitações”.

De momento, ao contrário de outros concelhos limitrofes, não há na Moita muitos sinais de construção nova, mas a reabilitação sim que está a dominar o tecido urbano.

O presidente da Câmara revela ao idealista/news que “no município da Moita verificamos a existência de um aumento de processos de reabilitação urbana, que se prende também com os programas de incentivo que temos vindo a promover nos núcleos urbanos antigos e zonas consolidadas das freguesias, como as Áreas de Reabilitação Urbana”. O melhor exemplo, diz, é o Bairro da Caixa, na Moita, cuja 1ª fase de requalificação encontra-se em conclusão.

Existem seis áreas de reabilitação urbana delimitadas no concelho, perfazendo um total de 230 hectares para um universo de 5.500 edifícios e abrangendo os núcleos urbanos mais envelhecidos ou desfavorecidos como a Baixa da Banheira, Vale da Amoreira, Alhos Vedros, Moita, Gaio-Rosário e Sarilhos Pequenos.

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“Para cada uma destas áreas encontra-se estabilizado um conjunto de incentivos à reabilitação do edificado degradado, que tem sido gradualmente aproveitado pelos particulares na rentabilização do seu património, em seu próprio benefício e do interesse público”, refere a edilidade.

O GOP (Grandes Opções do Plano e Orçamento 2019) da autarquia da Moita foca os programas, planos e projetos de âmbito municipal que já se encontram no terreno, dos quais o idealista/news destaca o Programa Municipal de Reabilitação Urbana - Moita 2025, que orientará a intervenção municipal em matéria de reabilitação urbana até meados da próxima década.

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Também o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, que pretende concretizar até 2020 (com fundos europeus do Portugal 2020), merece destaque, estando em causa um conjunto de ações na área da mobilidade sustentável, reabilitação urbana e comunidades desfavorecidas, onde se evidenciam para 2019 os projetos viários da Avenida 1º de Maio, da ex-EN 11-1 e da Rua 1º de Maio, na Baixa da Banheira, e a reabilitação do parque habitacional municipal do Vale da Amoreira.

Rui Garcia adianta ainda que “têm existido vários contactos” e, sem adiantar pormenores, “estão a ser desenvolvidos alguns estudos que podem, num futuro breve, traduzir-se na concretização de alguns projetos de relevo”.

Mais qualidade para quem vive ou trabalha na Moita

A autarquia tem vindo a implementar um conjunto de projetos e iniciativas que se “destinam a melhorar a qualidade de vida dos que aqui vivem, mas também daqueles que trabalham no concelho”. Da cultura ao desporto, do ambiente ao ordenamento do território, passando pela educação e ação social, “a intervenção multiplica-se em obras que dão resposta a necessidades sentidas pela população”. 

A revitalização do edifício do Mercado Municipal de Alhos Vedros que permitiu que ali surgisse o “FAVO”, designação assumida pela Fábrica de Artes Visuais e Ofícios, a criação de uma via pedonal e ciclável entre a Rua D. Manuel I e a Rotunda do Carvalhinho ou a requalificação do Parque de Estacionamento Complementar ao Interface Rodo-ferroviário da Moita e respetivos acessos, são apenas algumas dessas obras de vulto.

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Em 2019 deverá avançar a obra de requalificação da zona ribeirinha entre a Moita e o Gaio, no âmbito da candidatura de Valorização do Património Ribeirinho ao Portugal 2020. Esta intervenção irá promover a reabilitação do Moinho de Maré que se encontra em ruínas, a recuperação do atual percurso pedonal e ciclável, a plantação de novas árvores e a limpeza do terreno entre a ciclovia e o rio.

Entre os projetos cofinanciados, no âmbito do Portugal 2020, está ainda a valorização do património ribeirinho e promoção do cluster da náutica de recreio que conta com o apoio financeiro da União Europeia/ FEDER no valor de 212.320,80 euros e o apoio financeiro público nacional de 212.320,80 euros.

Esta operação, segundo a autarquia, “visa a construção de um novo ancoradouro no cais setecentista que irá possibilitar a expansão das atividades náuticas fluviais, assim como o reforço da rede de percursos pedestres e cicláveis. O percurso será enriquecido pela criação de um itinerário interpretativo do Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos. As intervenções de natureza física serão complementadas por um conjunto de ações de promoção turística da Zona Ribeirinha da Moita”.

O longo caminho até à Unesco

O turismo também já começa a ter alguma dinâmica na Moita, proveniente principalmente da Área Metropolitana de Lisboa, mas o concelho está apostado em aumentar esta procura através da presença, com stand próprio, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL).

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Câmara Municipal da Moita

Ao idealista/news o presidente da autarquia antecipou que neste certame, que decorre na Feira Internacional de Lisboa, entre os dias 13 a 17 de março de 2019, “vamos promover o projeto “Moita Património do Tejo”, que surge na continuidade do trabalho desenvolvido ao longo de décadas no concelho, no âmbito da preservação e divulgação de um património único que são as embarcações típicas do rio Tejo, e as técnicas de construção naval em madeira que existem hoje apenas no Estaleiro Naval de Sarilhos Pequenos, no concelho da Moita”.

A autarquia promove, entre maio e outubro, vários passeios fluviais no varino “O Boa Viagem”; só em 2018, transportou 2465 passageiros.

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Na bagagem têm ainda uma ambição maior: levar este “saber-fazer” à Unesco para que o reconheça como Património Cultural Imaterial da Humanidade. “Um processo algo longo” mas do qual o autarca acredita que vão sair “vitoriosos” e com isso “potenciar o turismo no concelho”.

Quanto ao fenómeno do alojamento local ainda não chegou à Moita, já que, como Rui Garcia refere, “existem algumas unidades, mas neste momento não chegam ainda à dezena”. Ainda assim, diz que “é uma oferta que queremos melhorar para podermos proporcionar programas de diferenciados de turismo náutico e de natureza”.

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