O apetite pelas características dos centros urbanos mantém-se, apesar do crescente interesse pelas periferias. Em causa está um estudo do Barclays.
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O futuro do mercado imobiliário: “fim” da vida nas cidades é um mito urbano, diz estudo
Photo by Oliver Niblett on Unsplash

Os preços dos imóveis aumentaram nos EUA durante a pandemia da Covid-19 e, ao contrário da perceção popular, as subidas foram sentidas em todas as áreas: nas suburbanas e rurais, mas também nas urbanas. A conclusão é de um estudo agora revelado pelo Barclays. Os dados do relatório mostram que, apesar das previsões amplamente divulgadas sobre um aumento da procura por novas zonas e um possível “colapso” da procura pela vida urbana – talvez por causa das atenções se terem centrado em Nova Iorque e São Francisco –, as pessoas não estão a dispostas a deixar as cidades massivamente. 

“A Covid-19 não fez com que as preferências habitacionais das pessoas se afastassem permanentemente das características da vida urbana”, lê-se no estudo. Os dados confirmam uma crescente “aversão à densidade” e procura de mais espaço e isolamento, mas revelam, apesar disso, que “as mudanças de preços durante a Covid-19 sugerem que as pessoas ainda estão dispostas a pagar por amenidades urbanas, valorizando o acesso a restaurantes, bares e instituições culturais encontradas em cidades mais densas”. Só precisarão de encontrar lugares onde se sintam confortáveis com as regras de distanciamento social, explicam ainda. Daí que o "fim" do apetite pelas cidades e seja considerado um mito, pelos especialistas.

Ainda assim, os autores não negam a possibilidade de as áreas periféricas ganharem uma relativa vantagem no futuro em termos de procura, quer por causa do teletetrabalho – as pessoas já não precisam de estar nos centros -, quer pelos riscos associados aos encerramentos das facilidades urbanas, face à instabilidade da pandemia. Se assim for, e se até 2% das pessoas se mudarem para fora dos centros, seriam necessárias cerca de 500.000 novas casas nos EUA para fazer face à procura, segundo os autores do estudo. 

Preços das casas devem continuar a subir

No mercado norte-americano, apenas Nova Iorque e São Francisco registaram quedas de preços durante a crise da Covid-19 e, por isso, os especialistas estimam que “a tendência de aumento dos preços das casas nas cidades e nos subúrbios persista”, mesmo depois da pandemia, uma vez que a acessibilidade melhorou e deverá permanecer elevada durante algum tempo.

“O colapso nas taxas de juros de longo prazo tornou o crédito à habitação mais acessível, ao mesmo tempo que a poupança das famílias disparou em resultado dos bloqueios e medidas do Governo. Além disso, os millennials devem estar a atingir o pico para a compra de casa, e isso deve ser favorável ao mercado”, lê-se ainda.

Arrendamentos multifamiliares enfrentam desafios 

Os arrendamentos multifamiliares (Multifamily rentals, em inglês) deverão ser, dizem, o maior desafio do mercado residencial, uma vez que, apesar de os trabalhadores com salários mais altos estarem a recuperar, quem tem salários mais baixos ainda está com dificuldades. “Se os empregos com salários mais baixos demorarem muito a recuperar, ou não recuperarem de todo, os arrendamentos podem sofrer um impacto significativo”.

Em sentido contrário, o arrendamento para uma única família (Single Family Rental – SRF), que estará já a beneficiar de uma recuperação económica. “Os clientes de SFR possuem património semelhante ao dos compradores de imóveis residenciais, portanto, é menos provável que enfrentem as pressões dos ativos multifamiliares”, refere o estudo. “E como seus ativos ganham valor à medida que os preços das casas aumentam, devem ter um bom desempenho em termos de subida de preços”, lê-se ainda.

“No Reino Unido, as tendências têm sido semelhantes às dos EUA, mas talvez com uma tendência de interesse pelos subúrbios relativamente maior (...) Já na China, há um desejo crescente por melhores casa e melhores condições de vida após a Covid-19. A flexibilidade do trabalho e a consciencialização sobre a higiene levaram os residentes locais a procurar melhores moradias, mais quartos e segundas residências”, adiantam ainda sobre outras tendências internacionais.

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