Se antes ocupavam apenas terrenos vazios, agora são vistas como um elemento que pode acrescentar valor a um projeto imobiliário.
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O campo invade a cidade: hortas urbanas fazem sucesso e já valorizam os imóveis
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As hortas urbanas continuam a espalhar-se um pouco por todo o país. Permitem a cultivação de alimentos mais saudáveis para consumo próprio, por exemplo, e proporcionam até uma sensação de bem-estar, funcionando como escape do dia a dia e da rotina de stress a que o meio urbano está associado – especialmente agora, com a chegada da pandemia e dos sucessivos confinamentos. Mas não ocupam apenas terrenos abandonados e vazios, sem utilidade, são cada vez mais vistas como um benefício e já valorizam os ativos imobiliários.

As Hortas Urbanas de Avintes, em Vila Nova de Gaia, são um exemplo de sucesso. Cipriano Castro, presidente da junta de freguesia local, conta ao jornal Expresso que os 18 talhões disponíveis estão todos preenchidos – cada um, se tiver cerca de 50 m2, custa 30 euros por mês, valor que cresce 5 euros a cada 10 m2. Segundo o responsável, este tipo de projetos fomenta a “oportunidade de as famílias manterem úteis os espaços vazios e que apenas exigem bom planeamento”.

Outro exemplo fica em Lisboa, na zona de Chelas. Lá está localizada a maior horta urbana do país, segundo a publicação: uma zona com 4,5 hectares para hortaliças, dividida em 300 talhões para cultivo, cada um com 160 m2.

E se antes ocupavam apenas terrenos vazios, agora são vistas como um elemento que pode acrescentar valor a um projeto imobiliário. É o caso do projeto Miramar Tower, que irá nascer na Foz do Porto. Segundo João Magalhães, administrador da Predibisa, que está a construir o projeto, a torre de apartamentos prevê 200 m2 de varanda por piso, sendo as casas terão um jardim próprio.

Luís Mendes, investigador de geografia da Universidade de Lisboa, reconhece que estes terrenos baldios “são espaços de grande apetência mercantil e alvo de especulação imobiliária”, podendo, “ao ficarem cativos, inflacionar os preços em contexto de forte procura e pressão urbana, como é o caso das cidades”, mas salienta a sua importância, relembrando que as hortas urbanas não são orientadas pelo lucro, “antes pelo lazer e recreio, evasão do quotidiano, aproveitamento do tempo de não-trabalho para contacto com o meio natural e cidadania ambiental”.

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