Quase 76 mil pessoas forçam forçadas a abandonar Lisboa e Porto nos últimos 3 anos.
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preços das casas
Foto de Ari Dinar no Unsplash

Nos últimos três anos, 56 mil pessoas deixaram Lisboa e mudaram-se para outro município do país. No Porto, o cenário não é muito diferente – no mesmo período, cerca de 20 mil pessoas abandonaram a cidade. A maioria das famílias foi “empurrada” para as periferias face à subida do preço das casas e das rendas.

Em causa estão dados dos Censos 2021 enviados ao Expresso pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e indicam que mais de metade das pessoas que saiu de Lisboa, por exemplo, tinha menos de 40 anos. “Está a haver uma expulsão da classe média e média baixa para a periferia, em particular dos jovens. Quando chegam à altura de se autonomizarem e constituírem família, não conseguem aceder a habitação dentro da cidade”, refere Jorge Macaísta Malheiros, geógrafo e investigador no Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) da Universidade de Lisboa, citado pela publicação.

“As pessoas não estão a sair por opção própria. São forçadas a isso porque o preço das casas se tornou insustentável”, refere Tiago Mota Saraiva, arquiteto e urbanista. Segundo o especialista, Lisboa entrou num mercado imobiliário globalizado, “com preços incompatíveis com os rendimentos médios praticados em Portugal”.

De acordo com o jornal, o perfil de moradores está a mudar em ambas as cidades, e para Tiago Mota Saraiva, “corremos o risco de transformar Lisboa num resort caro para estrangeiros, em que os portugueses de menores rendimentos só entram como prestadores de serviços”.

Uma opinião partilhada por Jorge Malheiros, que defende que “a perda de população é mitigada à custa do agravamento da desigualdade e da transformação da cidade numa reserva habitacional dos mais privilegiados”.

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