Aa chuva forte deixou as famílias que moram na escarpa das Fontainhas, no Porto, em sobressalto. Várias casas ficaram inundadas no passado sábado, dia 7 de janeiro. E pelo menos dez ficaram gravemente danificadas pelas enxurradas. Perante este cenário, a Câmara Municipal do Porto decidiu intervir e, agora, quer comprar 23 habitações situadas ilha dos Moinhos, na escarpa das Fontainhas. As negociações com os proprietários já estão em curso. E Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, admite que algumas casas poderão ser reabilitadas e outras até demolidas.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara do Porto, afirmou que foram identificados os 23 proprietários de habitações na ilha (tipo de habitação típica do Porto no século XIX, constituída por pequenas habitações que partilham entre si um espaço comum, separadas ou ladeadas por um corredor de acesso à via pública) localizada na escarpa das Fontainhas.
"É um território que consideramos de risco e estamos neste momento a iniciar negociações com os proprietários de forma a adquirir as habitações e poder intervir no território", referiu.
De acordo com o autarca, na terça-feira, os serviços municipais e a Proteção Civil identificaram quatro habitações daquela ilha que estavam "em risco" e as famílias foram realojadas, sendo que apenas uma aceitou ser realojada pela Segurança Social e as restantes encontraram abrigo junto de familiares.
Quanto à reação dos moradores à intenção da autarquia querer comprar as casas, Rui Moreira afirmou que muitas pessoas "não querem sair", o que considerou ser natural. "São comunidades que vivem ali há muitos anos, algumas vivem em situação de subaluguer e que são situações que todos conhecemos. Aquilo não é um terreno municipal e também temos de respeitar a vontade das pessoas", afirmou, dizendo que aquela população "não está esquecida". "Não tem havido falta de apoio da câmara e da Proteção Civil, que tem estado lá sempre", acrescentou.
Autarquia do Porto quer intervir nas casas das Fontainhas
"Aquilo precisa de uma intervenção maior", assegurou Rui Moreira, dizendo que só adquirindo aqueles talhões é que será possível à autarquia avançar com uma "intervenção adequada". Até porque as habitações "não têm o mínimo de condições de habitabilidade", alerta o autarca independente, acrescentando ainda que não sabe tipo de intervenção vai ser levada a cabo.
"Estamos a fazer uma avaliação da situação nas Fontainhas quer com a Águas do Porto, quer também com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), mas o facto de o território passar a ser nosso é fundamental para podermos intervir", adiantou.
O objetivo da autarquia da Invicta é perceber quais são as zonas que terão de ser protegidas. Ou seja, quais são as casas que se podem manter, mediante a sua reabilitação ou reconstrução, e as casas que terão de ser demolidas.
“Chamo à atenção que aquela zona é uma zona perigosa. Em 1959 houve uma grande tragédia nos Guindais, exactamente porque a escarpa cedeu. Em 2001 houve também uma catástrofe ali que provocou mortes. Portanto, temos de impedir que as pessoas ali vivam”, sublinhou Rui Moreira, citado pelo Público.
*Com Lusa
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