
Para dinamizar o aumento da oferta no mercado de arrendamento, o Governo quer obrigar os proprietários a colocar as casas no mercado. E, para isso, uma das medidas inscritas no Programa Mais Habitação passará por tomar posse administrativa dos imóveis, caso os proprietários não o façam voluntariamente. Para o primeiro-ministro, António Costa, “não é legítimo ter as casas vazias”, e recusa qualquer existência de inconstitucionalidade na regra.
"Não creio que haja inconstitucionalidade. As obras coercivas estão na lei há muitos anos e nunca foram consideradas inconstitucionais", disse o chefe do Governo em entrevista ao Jornal das 8 da TVI, horas depois de apresentar ao país o novo pacote legislativo para a habitação. "Haveria inconstitucionalidade se o Estado ocupasse a casa, cobrasse a renda ao inquilino e não pagasse ao proprietário. Mas se fez obras tem que descontar no valor das rendas que lhe paga. Isso é legítimo”, disse o governante.
Segundo António Costa, foram adotadas “duas medidas para dar confiança aos senhorios para que coloquem as casas no mercado. “Uma é o Estado que arrenda e subarrenda, pagando ao senhorio e atribuindo as casas por sorteio”, e a segundo é que, “ao fim do terceiro mês sem receber a renda, o Estado passa a pagar a renda e é o Estado que faz a interlocução com o inquilino”.
“O que apresentámos hoje foi um conjunto vasto de medidas que, conjugadas, vão contribuir para um objetivo fundamental, aumentar o número de casas disponíveis”, defendeu o líder do Governo socialista de maioria absoluta.
No entanto, para o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, Menezes Leitão, as medidas propostas “atentam contra o direito à propriedade e à iniciativa económica” e por isso são inconstitucionais. “Vamos ver a reação a tomar junto do Presidente da República ou da Provedora de Justiça, tendo em conta a dureza das medidas para que venha a suscitar a inconstitucionalidade das mesmas”, diz o responsável, citado pelo ECO, lembrando que durante a pandemia o Governo também adotou medidas que depois acabaram por ser rejeitadas pelo Constitucional”.
Já para o presidente da Associação dos Inquilinos Lisbonenses, Romão Lavadinho, citado pela mesma publicação, a proposta do Executivo é bastante vantajosa do ponto de vista fiscal. O responsável considera que “a solução para o mercado de arrendamento não passa por construir novas casas, porque isso levaria oito a nove anos a resolver o problema”. “Bastaria que 150 mil das casas devolutas fossem colocadas no mercado de arrendamento porque isso aumentaria a oferta e obrigaria os especuladores a baixar os preços“, refere.
Para poder comentar deves entrar na tua conta