As casas estão cada vez mais caras, seja para comprar seja para arrendar. E os elevados juros também estão a dificultar o acesso ao crédito habitação. A falta de oferta de habitação está a levar os portugueses a procurar alternativas para viver. E uma das soluções cada vez mais encontradas pelas famílias passa mesmo por transformar garagens em casas. Mas não só. Também há famílias a adaptar lojas, armazéns e escritórios em habitações.
Transformar imóveis comerciais em habitação tornou-se numa tendência em Portugal para fazer face à crise habitacional existente há várias décadas, tal como noticiou o idealista/news em fevereiro. A falta de oferta de casa, os elevados preços da habitação (para comprar ou arrendar) e a subida dos juros nos empréstimos está por detrás deste movimento. Até porque, à partida, comprar garagens, lojas ou até armazéns pode sair mais barato.
Por exemplo, comprar uma garagem fechada pode custar entre 5 e 50.000 euros, de acordo com a área e a localização. E a sua transformação numa habitação pode variar entre 20 mil e 200 mil euros, sendo que o preço varia consoante os acabamentos e a escolha dos materiais, aponta o Expresso.
Hoje, há vários empreiteiros, arquitetos e projetistas a transformar imóveis comerciais em habitação, uma obra que garantem ser legal desde que haja licença e pedido de alteração do uso do imóvel às autarquias (que requer acordo dos condóminos). “Nos últimos anos tivemos dez destes projetos, entre os quais sete garagens”, disse Filipe Magalhães, do Atelier Fala, no Porto, citado pelo mesmo jornal. “Estamos a falar de obras de reabilitação e remodelação de interiores, que, por si só, são económicas, porque são isentas de controlo prévio e são consideradas obras de escassa relevância porque não mexem na estrutura”, acrescentou ainda.
Também a arquiteta Mariana Pedroso, que trabalha em Lisboa, contou ao mesmo jornal que nos últimos meses” tem transformado várias lojas comerciais em habitações. E há “cada vez há mais clientes”, afirmou ainda.
Preço das casas está por detrás da tendência – e Mais Habitação não ajuda
O que explica esta tendência de transformar garagens, lojas em casas é a crise habitacional que Portugal está a passar e que o Mais Habitação – aprovado na especialidade - se propõe a resolver.
“Naturalmente, a insuficiência de oferta de habitação e o elevadíssimo preço da mesma - o preço especulativo quer para arrendamento quer para aquisição - determina, obriga, impõe que as pessoas que necessitam de habitação encontrem soluções diversas, mesmo que sejam precárias, que não tenham condições de vida”, considera o secretário-geral da Associação de Inquilinos Lisbonenses, António Machado, alertando que esta tendência “também levanta um problema de ausência completa de fiscalização por parte das autoridades públicas, designadamente dos municípios”, disse à Antena 1.
A procura de garagens para viver é a demonstração do "falhanço" do programa Mais Habitação apresentado pelo Governo, segundo diz o diretor da Associação Nacional de Proprietários, Carlos Teixeira, ao mesmo meio: “Tem a ver com a falta de habitação que existe que, no fundo, a solução encontrada pelo Governo com o Mais Habitação não tem tido a repercussão, até pelo contrário".
“Quer os proprietários, quer os promotores tem abrandado a sua oferta. Não tem sido contruída mais oferta de habitação e as pessoas naturalmente encontram soluções que infelizmente não abonam muito à questão da urbanidade e da salubridade que esses imóveis deviam ter, mas que no fundo vem colmatar a necessidade básica que é ter acesso a uma habitação”, acrescentou Carlos Teixeira.
Transformar escritórios e lojas em casas: já é tendência em Portugal?
Nos últimos anos, o setor terciário entrou numa fase de transformação e as mudanças de uso tornaram-se mais comuns, especialmente para converter imóveis afetos a serviços/comércio em habitações. A verdade é que converter lojas, armazéns e escritórios em casas virou “moda” em muitos países, nomeadamente para combater a falta de oferta. Ainda assim, o processo pode ser complexo, e comporta riscos (além de vantagens). Mas será que a “residencialização” deste tipo de imóve
Preço das casas subiu onde a população mais cresceu na última década
Mais habitantes, casas mais caras. A demografia e o imobiliário andam de mãos dadas. A mobilização das famílias para as cidades, vilas ou aldeias de Portugal, implica a procura de uma casa nova para viver, gerando novas dinâmicas nos negócios imobiliários. E este movimento cria uma pressão adicional sobre o mercado residencial destes municípios que têm uma oferta estruturalmente escassa, levando a que haja uma subida dos preços das casas. É precisamente esta relação entre demograf
Comprar casa em Portugal ficou 2,2% mais caro entre abril e junho
A venda de casas está a cair em Portugal, assim como os pedidos de crédito habitação, dada a subida abrupta dos juros e a queda do poder de compra, por via da alta inflação. Mas os desequilíbrios entre a oferta e a procura persistem, num momento em que aumentar a oferta de habitação acessível no país é o grande objetivo do Governo com o programa Mais Habitação, até para equilibrar os preços do mercado, que teimam em subir. É isso mesmo que mostram os dados do idealista: os preç
Comprar e arrendar casa em Portugal? Taxa de esforço dispara em 4 anos
Os preços das casas para comprar e arrendar continuam a subir em Portugal, assim como os juros no crédito habitação. Mas os rendimentos das famílias não acompanham esta evolução, com a agravante da alta inflação que reduz o poder de compra e a capacidade de poupança. Deste desequilíbrio macroeconómico e financeiro nasce uma realidade: os custos da habitação pesam cada vez mais sobre o rendimento disponível, uma tendência que se observou nos últimos quatro anos em quase todas as
Empréstimo para comprar casa: montante total volta a descer em maio
A procura por crédito habitação está a cair em Portugal. E a subida abrupta das taxas de juro é o principal fator que está a retrair as famílias de comprar casa com recurso a financiamento bancário. É por isso mesmo que o montante total de créditos habitação em Portugal está a cair, tendo-se fixado em 99,5 mil milhões de euros em maio, menos 0,1% do que no mês anterior, tal como explica o Banco de Portugal (BdP).
Para poder comentar deves entrar na tua conta