
Já são conhecidos os nomeados para a segunda fase do Prémio de Arquitetura Contemporânea da União Europeia Mies van der Rohe 2022. Contam-se 40 projetos selecionados e, entre eles, estão dois portugueses, ambos situados em Lisboa: o Palacete Marquês de Abrantes e o projeto Portas do Mar - Espaço Público e Parque de Estacionamento.
Os dois projetos portugueses foram selecionados para um grupo de 40 nomeados, com obras distribuídas por 18 países europeus. Desta feita, Áustria, França e Espanha contam com cinco obras cada. A Bélgica leva a concurso três obras, tal como a Alemanha e o Reino Unido, anunciou a Comissão Europeia, organizadora do galardão, esta segunda-feira, dia 17 de janeiro de 2022, numa nota de imprensa.
Foram ainda selecionadas duas obras da Dinamarca, mais duas da Finlândia, duas da Polónia. E as restantes da República Checa, Grécia, Hungria, Itália, Países Baixos, Noruega, Roménia e Eslovénia.
Note-se que os cinco finalistas serão anunciados no próximo dia 16 de fevereiro, e os vencedores do Prémio de Arquitetura e Emergente serão conhecidos em meados de abril, em Bruxelas. O vencedor receberá 60 mil euros. O Mies Award Day, dia dedicado a este prémio europeu de arquitetura, que contará com a cerimónia de entrega dos galardões, realizar-se-á em maio deste ano, no Pavilhão Mies van der Rohe, em Barcelona, Espanha.

Conhece agora os pormenores dos projetos portugueses nomeados para o Prémio Mies van der Rohe 2022:
Projeto Portas do Mar - Espaço Público e Parque de Estacionamento
O projeto Portas do Mar - Espaço Público e Parque de Estacionamento, do estúdio de arquitetura João Carrilho da Graça, resulta de um concurso internacional lançado em 2012 pela Câmara Municipal de Lisboa para o projeto Campo das Cebolas/Doca da Marinha.
A intervenção foi feita para transformar uma zona de estacionamento desordenado, na sua origem e durante séculos, com atividade de zona comercial ligada ao porto. O objetivo foi tornar esta área "novamente um espaço aberto, disponível para as pessoas, criando uma praça relativamente vazia, mas com capacidade de uso intenso", lê-se na descrição do projeto apresentado ao prémio europeu.

Por baixo da praça, no espaço entre a antiga orla e a muralha do Cais de Ver-o-Peso do século XIX, foi construído um parque de estacionamento com 200 lugares, com iluminação e ventilação naturais.
"Durante as escavações foram descobertos alguns vestígios arqueológicos – sete barcos, que foram fotografados, registados e desmontados; seções de parede, que foram integradas no parque de estacionamento, e uma escada, que foi feita num dos acessos ao estacionamento", indica ainda a descrição.
Alguns dos elementos descobertos foram mantidos onde foram encontrados, outros foram musealizados e os de menor valor arqueológico foram reaproveitados, tanto na construção de muros como no pavimento da praça, acrescenta.

Palácio Marques de Abrantes
O Palácio do Marquês de Abrantes, situado na Rua de Marvila, é um projeto da autoria do arquiteto Tiago Mota Saraiva (Estúdios Trabalhar com os 99%, CRL, Ateliermob). Trata-se de um edifício público, propriedade municipal, e o projeto nomeado consistiu na instalação de um escritório técnico local de arquitetura, com novos usos para compatibilizar cultura, lazer e moradia.
As instalações do palácio serviram de habitação popular desde o século XX, e continuam a servir de sede de uma das coletividades mais antigas da cidade, a Sociedade Musical 3 d'Agosto, de 1885.

O projeto, em intervenção temporária, “realizou demolições apenas nas construções sem valor arquitetónico, ou que não apresentavam condições de segurança”, também segundo a descrição avaliada pelo concurso Mies Var der Rohe.
Criou novas edificações, com uma "escolha de soluções construtivas reversíveis e na utilização de materiais contrastantes", com aplicação de teto falso, instalação de portadas em contraplacado e instalação de novas infraestruturas elétricas e redes de telecomunicações.
O projeto do arquiteto português Álvaro Siza Vieira para o antigo Banco Borges e Irmão, em Vila do Conde, foi o distinguido na primeira edição do prémio, em 1988.

*Com Lusa
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