
Há um edifício em Espanha, um caso emblemático de construção eficiente, que mostra ser possível poupar 75% na fatura da luz e água. Trata-se da atual sede da Agência Andaluza de Inovação e Desenvolvimento (IDEA), construída há uma década pelos arquitetos César Ruiz-Larrea, Eduardo Prieto González, Antonio Gómez Gutiérrez e Jaime López de Asiain. Conceberam o projeto “como um ser vivo”, com soluções passivas, algumas inspiradas na tradição andaluza, e com a incorporação de tecnologias que transformaram a estrutura externa numa máquina capaz de produzir e trocar energia. O resultado é uma economia de até 75% no consumo energético.
Segundo conta o El País, a “central energética” de onde é abastecida a sede está na cobertura e nas fachadas, que se comportam, segundo os arquitetos, “como a pele de um ser vivo, reagindo em função das condições climatéricas”. Tal como escreve o jornal espanhol, esta “epiderme” ou crosta possui 650 metros quadrados (m2) de coletores solares térmicos e 500 de painéis fotovoltaicos que são complementados por uma caldeira de biomassa.
“Trabalhamos desde o início num bom projeto adaptado às necessidades climáticas do local. A arquitetura não pode responder da mesma forma, embora pareça muito óbvio, tanto em Sevilha como nas Astúrias ou em Madrid. Porque as condições meteorológicas são totalmente diferentes”, explica agora, após dez anos de funcionamento da sede da agência andaluza, Miguel Díaz, arquiteto da equipa liderada por César Ruiz-Larrea, especialista em sustentabilidade e chefe do laboratório de investigação RLAB .
Os arquitetos entendem a arquitetura como um organismo vivo que tem que respirar. Assim, por exemplo, o sistema interno aproveita nos meses quentes as correntes do efeito de maré de Sevilha, que levantam as brisas no final da tarde, para introduzi-las no edifício e arrefecê-lo. Outro exemplo de economia de energia tem a ver com a luz natural. Para aproveitá-la, em vez de olhar para o futuro, repensaram a arquitetura tradicional e desenharam um átrio coberto por uma complexa clarabóia inspirada no "mocárabe", elemento decorativo da arquitetura tradicional andaluza que foi introduzido na Península, do século XII e que aproveita os tetos para refletir a luz.
“Vimos a quantidade de radiação que atinge cada uma das fachadas e decidimos que a melhor solução era fazer uma malha de energia, dividi-la em pixels um a um e fazer com que cada área do edifício interagisse com o ambiente externo dependendo do que fosse a melhor resposta. Ou seja, a fachada sul acaba por ser uma pele de pixels fotovoltaicos para captar essa luz, outras áreas são pixels de ventilação e nós levamos parte das instalações para outras. Com uma só pele, o edifício adapta-se às necessidades”, explica o arquiteto, citado pelo jornal.
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