“Leilão” de famosos para apoiar greve de Hollywood torna-se viral

Após cinco meses, a greve dos argumentistas de Hollywood, que paralisou a indústria cinematográfica e televisiva norte-americana, estará prestes a chegar ao fim. O sindicato Writers Guild of America (WGA) iniciou a greve em maio, devido a questões salariais e ao uso de inteligência artificial na criação de argumentos e, desde então, várias personalidades e famosos, como atores, juntaram-se à luta para apoiar os roteiristas. Houve até leilões de experiências no eBay para arrecadar fundos.

Os argumentistas iniciaram uma batalha para exigir uma melhoria das condições e limitar o impulso da inteligência artificial, interrompendo a produção de inúmeros filmes, séries e programas de televisão. Um protesto que gerou um clima de instabilidade para milhares de pessoas que vivem no setor e estão numa situação económica difícil – uma vez que a maioria não é rica nem famosa.

Várias celebridades fizeram doações generosas para apoiar financeiramente a greve do Writers Guild, mas a The Union Solidarity Coalition destacou-se com uma ideia que tem tanto de engenhosa como de apelativa, para arrecadar fundos. Decidiu lançar um leilão no eBay – entretanto terminado - que se tornou um verdadeiro sucesso nas redes sociais, tal como relata o El País. E não é para menos, já que as ofertas eram, no mínimo, insólitas. Na prática, as celebridades leiloaram experiências nas quais seriam participantes ativos, para angariar dinheiro.

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Entre as várias propostas esteve, por exemplo, a criadora da série Girls, Lena Dunham, que se ofereceu para pintar um mural em casa de alguém (desde que viva em Nova Iorque, Los Angeles ou Londres). Natasha Lyonne, atriz e argumentista conhecida pela sua participação em séries como Orange is the New Black ou Russian doll, ofereceu-se para resolver palavras cruzadas do The New York Times, e houve alguém disposto a pagar por essa experiência 6.100 dólares (ou 5.701 euros) - embora tivesse de ser via Zoom e em apenas 15 minutos.

Já Adam Scott, ator de Parks and Recreations ou Big Little Lies, esteve disponível para passear o cão de alguém durante uma hora, desde que viva em Los Angeles. A atriz Busy Philipps, por exemplo, estava disposta dar um curso de cerâmica em Nova Iorque. O leilão também pressupunha encontros virtuais com celebridades como Nicole Kidman, Maggie Gyllenhaal, Rachel Bloom ou Sarah Silverman.

Greve reclama melhores salários e põe em causa a inteligência artificial

O acordo de princípio, alcançado no domingo, vai ser submetido a uma votação de ratificação entre 2 e 9 de outubro. Caso os 11.500 membros do WGA rejeitem o acordo, a greve será retomada.

Produções televisivas como talk-shows deverão ser as primeiras a regressar ao ar. A revista da especialidade Variety indicou que as emissões de informação e entretenimento difundidas em diversos canais no final da tarde poderão ser retomadas dentro de duas a três semanas.

O acordo alcançado entre o WGA e os patrões dos grandes estúdios e plataformas de streaming põe fim à greve que paralisa a indústria cinematográfica e televisiva norte-americana, apesar de prosseguir o braço de ferro entre atores e estúdios.

O acordo inclui "ganhos significativos" em termos salariais, e ainda proteções para enquadrar o uso da inteligência artificial.

Membros do SAG-AFTRA e WGA em greve, 26 de setembro de 2023, Nova Iorque (Getty Images)

O compromisso aceite pelos estúdios com os argumentistas inclui um aumento do salário-mínimo, bónus suplementares para os que escrevem as séries com maior audiência e formas de assegurar que a inteligência artificial seja utilizada sem afetar a sua remuneração.

No entanto, a indefinição persiste em Hollywood, com os atores, representados pelo sindicato SAG-AFTRA a permanecerem em greve e admitindo-se que a resolução deste conflito social possa prolongar-se por semanas. As reivindicações do SAG-AFTRA vão mais longe que as colocadas pelo WGA.

O sindicato pede um maior aumento salarial, e a atribuição de uma percentagem real dos benefícios aos atores, independentemente do conteúdo, prevendo-se árduas negociações.

Atores querem ainda garantir que os estúdios não vão usar inteligência artificial para os substituir e querem receber pagamentos residuais no modelo de transmissão através de plataformas como a Netflix.

*Com Lusa