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'Rooftops' portugueses andam a fazer sucesso além-fronteiras
Rio Maravilha, no LX Factory, em Lisboa C&W

Ainda não existe no dicionário nacional, mas já faz parte do vocabulário dos portugueses. Estamos a falar de um novo conceito tendência, o 'rooftop', ou como quem diz: um terraço ou varanda no topo de um prédio, com bar ou café para, quem sabe, apreciar um pôr do sol. A moda faz furor lá fora, e também cá dentro. Tanto que até já há projetos portugueses a destacar-se entre os mais diferenciadores da Europa. LX Factory e Park dizem-te alguma coisa?

O conceito não é novo – chegou aos EUA nos finais do século XIX –, mas chegou a território português em força. Há para todos gostos: com bar ou café, ou até mesmo restaurante, localizados nos mais diversos sítios. A tendência está a gerar tanto impacto, que a consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W) decidiu lançar um estudo sobre o tema. Intitula-se “Rooftops of EMEA” e analisa o desenvolvimento recente deste conceito imobiliário na região da Europa, Médio Oriente e África (EMEA).

Os terraços lisboetas destacam-se nesta publicação que seleciona 20 projetos diferenciadores na Europa. Pelo seu conceito inovador e  sucesso são referidos o Rio Maravilha, no LX Factory, e o Park, no Chiado, como excelentes exemplos deste formato em franco crescimento na Europa.

Mais adianta o relatório que, “num mundo que será cada vez mais pautado pela experiência”, o futuro do imobiliário passará pela sua capacidade de criar uma ligação emocional dos indivíduos aos espaços físicos, através de conceitos inovadores, icónicos e memoráveis. Neste sentido, os rooftops surgem com uma “força renovada, pelo seu caraéter diferenciador e marcante”, lê-se num excerto do documento.

Porto e Lisboa na mira

Em Portugal o conceito ganhou particular destaque, com a abertura de variados espaços tanto em Lisboa como no Porto. Rio Maravilha e Park são destacados no relatório por se localizarem em edifícios particulares, o primeiro num edifício industrial obsoleto adaptado para escritórios, e o segundo na cobertura de um silo de estacionamento. “Estes dois conceitos desafiam algumas das convicções dos atuais operadores, nomeadamente no que refere à sinalética (inexistente em ambos os casos) e aos acessos (nos dois casos com reduzida aposta em design); sendo ainda assim um exemplo de sucesso, sublinham os analistas da C&W.

Segundo o mesmo documento, a cidade de Lisboa é a que concentra a maioria dos 'rooftops' identificados no âmbito do estudo, a quase totalidade são bares e restaurantes, representando os restaurantes 41% dos projetos. Os espaços instalados no topo de hotéis têm uma grande representatividade, 54% dos projetos.

No Porto o peso dos espaços inseridos em hotéis é superior, 64%, sendo menos representativos os restaurantes, 36%. O BASE é um bom exemplo deste tipo de espaços na cidade do Porto, ainda que fuja à definição estrita de rooftop, pois sendo uma cobertura de um edifício (a galeria comercial Passeio dos Clérigos) é também acessível diretamente pela Rua Dr. Ferreira da Silva.

'Rooftops' não têm de estar “a grandes alturas”

Segundo os analistas da C&W os rooftops não precisam de se localizar no ponto físico mais elevado do imóvel, nem têm necessariamente que estar a grandes alturas, ou gozar de vistas icónicas.

“A localização não tem obrigatoriamente que ser central na cidade, existindo já vários exemplos em zonas suburbanas. Como atributos chave comuns definem-se: um mínimo de dois pisos acima do solo; alguma vista, não necessariamente panorâmica ou icónica; localização com elevada densidade populacional; operador inovador; conceito com algum caráter único; e forte estratégia de marketing digital, particularmente ativa nas redes sociais”, destacam ainda.

E que tipos existem?

A geração de 'rooftops' apresentada no estudo da C&W distingue-se por uma maior diversificação, identificando-se 3 categorias possíveis:

Restaurantes: a utilização mais comum é precisamente a de conceitos de restauração. No entanto, nesta nova conceção do produto é dado particular valor à qualidade gastronómica, em oposição aos conceitos do passado no qual este tema era frequentemente descurado. Os restaurantes em rooftop da nova geração caracterizam-se por: uma exploração por parte de cadeias de segmento elevado; operação num regime de 24 horas/7 dias semana; e pela aposta na valorização dos acessos e na qualidade do design interior.  

Espaços de eventos: ainda que parte destes projetos sejam também restaurantes, a grande maioria da operação é enfocada na organização de eventos; outros são espaços exclusivos para eventos com serviço de 'catering' adicional. Caracterizam-se pela sua elevada dimensão, normalmente resultam de reabilitações integrais de imóveis ou novos edifícios, contam com particularidades que conferem ao evento elementos surpresa e apostam essencialmente nos clientes corporativos, beneficiando de uma localização nas zonas prime de escritórios. 

Espaços de lazer: esta é a categoria de 'rooftop' mais inovador e com maior potencial de crescimento. Abrange uma ampla variedade de conceitos, desde destinos noturnos de moda a espaços mais alternativos, culturais ou conceitos de lazer familiares. A aposta é enfocada na atividade de lazer oferecida, associada ao aspeto diferenciador do espaço em rooftop. Geralmente estes espaços não implicam um investimento significativo no design interior, até porque muito frequentemente operam num conceito de pop-up; alternando a oferta de atividades de lazer.

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