Afinal, o Novo Banco não vai parar às mãos dos chineses do Angbang. O Banco de Portugal informou que terminou esta segunda-feira, sem acordo, o período de negociação com o potencial comprador que sido selecionado por apresentar a proposta mais elevada (3,2 mil milhões de euros). A partir de agora, vai começar a negociar com outros chineses, a Fosun.
"Por não ter sido alcançado um acordo, o Banco de Portugal decidiu hoje terminar aquelas negociações e convidar para negociações, no âmbito da Fase IV, o potencial comprador que apresentou, na Fase anterior, a proposta qualificada em segundo lugar", diz o organismo liderado por Carlos Costa em comunicado, precisando ainda que "a proposta vinculativa entregue pelo terceiro potencial comprador permanece integralmente válida".
A Fosun foi assim a escolhida para nova ronda negocial na venda do Novo Banco. Isto depois de o grupo chinês ter recusado a primeira oportunidade para melhorar oferta. Mas o regulador acredita, segundo o Jornal de Negócios, que a negociação direta aumenta margem para subir oferta.
Condições contratuais também pesam, além do preço
Até ao início da tarde de terça-feira era dado como certo que seria o grupo Apollo, dono da Tranquilidade, a ser chamado a negociar, também de forma exclusiva, com o regulador. Os norte-americanos eram vistos como o candidato com maiores garantias financeiras e foram os únicos que melhoraram a proposta apresentada, ficando em segundo lugar em termos de preço.
O Anbang Insurance Group foi o primeiro a ser selecionado por ter a proposta mais elevada das três apresentadas num processo em que o preço sempre tinha sido apontado como o principal critério de escolha, mas o Banco de Portugal nunca ficou satisfeito com pequenos detalhes apresentados pelos chineses, nomeadamente em termos contratuais.
A crise na China e o abalo dos mercados financeiros asiáticos vieram dificultar ainda mais o processo, nomeadamente a captação de financiamento por parte dos candidatos como o Anbang - e também a Fosun, a terceira opção, com menor oferta.
Venda do Novo Banco com buraco
Certo é que, quer o Novo Banco vá parar às mãos dos norte-americanos ou dos chineses, será feita com um prejuízo que poderá rondar os dois mil milhões de euros, segundo escreve hoje o Dinheiro Vivo.
A fatura acabará por ser paga pelo Fundo de Resolução da Banca, e o impato terá efeitos retroativos no défice de 2014 e, caso Bruxelas assim o determine, em anos futuros. A dimensão do buraco será da mesma medida do valor em falta, diz ainda o jornal, lembrando que o Fundo de Resolução injetou 4,9 mil milhões no banco de transição quando, em agosto de 2014, o Banco de Portugal entendeu dividir o antigo BES em duas unidades diferentes.
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