
A Tabacaria Martins, uma das 63 “Lojas com História” de Lisboa – está localizada no Largo do Calhariz e em funcionamento há 144 anos –, já não vai encerrar. A empresa que detém o edifício onde se encontra o espaço (o Palácio Sandomil) assegurou que o mesmo não será extinto na sequência da conversão do imóvel em apartamentos de luxo, um projeto que será denominado de Sandomil Palace.
“Agora que compreendemos o interesse histórico da loja, decidimos renovar o contrato de arrendamento, que deveria expirar a 17 de janeiro, e queremos continuar com a Tabacaria Martins como inquilino no futuro”, disse a Sublime Argumento (empresa detida por ingleses), à Lusa.
Entretanto, e segundo se pode ler no Facebook da Câmara Municipal de Lisboa (CML), a solução encontrada e que visa a manutenção da Tabacaria Martins no local foi mediada pelo vice-presidente da autarquia, Duarte Cordeiro. Segundo o autarca, “havia desconhecimento do parte do proprietário do enquadramento desta loja”. “A partir do momento em que se apercebeu decidiu mudar a sua posição”, revelou.
Em causa está o projeto de reconversão de um imóvel (classificado) que visa a construção de seis apartamentos de luxo – de tipologias T3 a T5 – numa área de construção de 2.454 m2,
“A Tabacaria Martins é uma das três lojas [além de uma mercearia e de uma pastelaria] que está integrada no Sandomil Palace. Essas três lojas fazem parte do belo e histórico palácio que estamos a renovar, em estreita coordenação com a CML, e queremos mantê-las”, explicou a Sublime Argumento.
APPII diz que há investidores imobiliários preocupados
Entretanto, a Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) disse que os investidores estão preocupados com o “populismo e os excessos que se podem cometer em torno da proteção das ‘lojas históricas’”.
Em comunicado, a entidade que tem como secretário-geral Hugo Santos Ferreira disse que recebe todos os dias preocupações “vindas de todos os pontos do globo”. “Com efeito, estes [investidores] têm visto com bastante preocupação a volatilidade das políticas, nomeadamente em matéria de habitação, estranhando que neste país se mudem (e até se invertam) ‘regras a meio do jogo’ como é o caso da criação de ‘lojas’ que passam a ser ‘históricas’”, lê-se no documento.
A APPII argumentou sobre os direitos de quem já investiu no setor e que agora pode ser confrontado “com o risco desses mesmos imóveis poderem vir a comportar ‘lojas históricas’, deitando por terra todo o investimento já realizado”.
“Onerar os investidores desta forma apenas levará a que se inviabilize o arranque de muitos projetos de reabilitação fazendo com que os investidores procurem outros destinos para os seus investimentos. Seria um desperdício e uma pena, depois de tanto esforço para se captarem investidores qualificados para o país, vir agora a perdê-los”, conclui a APPII.
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