Uma nova teoria poderá explicar alguns casos de Covid-19 de origem desconhecida na Coreia do Sul. Um estudo epidemiológico concluiu que oito pessoas infetadas (em apenas quatro dias) em cinco apartamentos de um mesmo prédio em Seul não tiveram “outro contacto possível” entre si se não o possibilitado pela transmissão de ar entre as várias casas, nomeadamente através das condutas de ar instaladas nas casas de banho.
Através de um artigo interativo, o El País tenta explicar como é que o ar (e o coronavírus) podem passar de uma casa para outra através da casa de banho. O jornal espanhol refere que as condutas de ventilação das casas de banho de edifícios antigos ligam os andares e que, em circunstâncias muito específicas, suspeita-se que possam ser uma via de contágio.
Segundo a publicação, abrir uma porta, uma janela, ligar o exaustor da cozinha ou mudanças de temperatura entre uma casa e outra fazem com que o ar fique em constante movimento, procurando ocupar o espaço que fica livre. Em apenas cinco minutos, todo o ar de uma casa de banho pode passar para outra através das condutas de ventilação desses prédios, caso não tenham filtro anti-retorno ou algum dispositivo que o impeça.
Isto não é um problema se o edifício (que pode ser uma habitação, um hotel, escritórios) tiver instalações sanitárias com janelas ou se tiver sido construído a partir de 1977, data a partir da qual, em Espanha, entrou em vigor uma lei que obriga a que as casas de banho de cada apartamento tenham saídas de ar independentes, que são depois canalizadas para a conduta geral dos edifícios. As normas tornaram-se ainda mais exigentes no paí vizinho em 2006, quando foi aprovado o Código Técnico de Edificações, que também exige que, acima da conduta, haja um extrator elétrico. Desta forma, o ar só pode sair das casas, mas não pode entrar por esta via.
Segundo os especialistas ouvidos pelo El País, é difícil quantificar as infecções por esta via, mas consideram que é muito rara. Manuel Ruiz de Adana, doutor em Física Química Aplicada e Engenharia Termodinâmica pela Universidade de Córdoba e especialista no estudo da transmissão do coronavírus pelo ar, explica que, além das condutas de ventilação terem de ser antigas, para permitir a passagem do fluxo de ar e para que haja transmissão, a casa tem de ter uma alta concentração de aerossóis para que o ar que passa para outra casa seja infeccioso. E isso é mais comum em casas com pouca ventilação. Algo que pode ser pouco provável, mas não impossível.
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