Entre 50.000 e 70.000 trabalhadores do setor da tecnologia deixaram o país desde o início da guerra.
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Fuga de cérebros na Rússia
Financial Times

"Com este conflito insano, Putin está a dar um tiro no próprio pé. As maiores perdas não virão do conflito, mas de uma profunda crise económica na Rússia", diz Ilya Kashnitsky, professor associado do Centro Interdisciplinar de Dinâmica Populacional da Dinamarca.

Num sinal de que a Rússia teme uma fuga de cérebros da guerra, no mês passado isentou jovens trabalhadores de tecnologia do serviço militar obrigatório, oferecendo-lhes hipotecas vantajosas e isentando as empresas de tecnologia de impostos e inspeções, além de conceder-lhes acesso a empréstimos baratos.

Os líderes russos esperavam que o setor de tecnologia acelerasse o desenvolvimento económico e, mais recentemente, apoiasse a recuperação pós-pandemia.

Mas a Rússia está a sofrer com uma forte fuga de cérebros no setor de tecnologia desde o início da guerra no final de fevereiro. Nas quatro semanas seguintes, entre 50.000 e 70.000 trabalhadores do setor deixaram o país, segundo refere um chefe de uma associação da indústria num relatório apresentado a uma comissão parlamentar russa em março.

Rússia
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No gráfico apresentado vemos que a percentagem de emigrantes russos com ensino superior ascende a 42,5%, segundo dados da OCDE.

Entre 70.000 e 100.000 pessoas devem sair em abril, disse Sergey Plugotarenko, diretor da Associação Russa de Comunicações Eletrónicas (RAEC), à agência de notícias estatal Interfax.

"Está claro que a emigração está a acontecer numa escala e ritmo que nunca vimos antes", disse o demógrafo independente Alexey Raksha.

Jean-Christophe Dumont, que dirige a divisão de migração internacional da OCDE, disse que, antes, o volume de pessoas que deixavam a Rússia não era motivo de preocupação para o governo, mas que, agora, "esta situação é definitivamente um divisor de águas, e vários países estão a aproveitar a oportunidade."

Israel criou uma "rota verde" rápida para refugiados da Ucrânia e da Rússia. "Quase tantos russos quanto ucranianos mudaram-se para Israel desde o início da guerra", disse Dumont, acrescentando que Israel tem como alvo pessoas que trabalham em robótica, aeronáutica e nanotecnologia.

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