As superfícies translúcidas estão de volta para preencher os espaços com luz e para viver mais ligado à natureza.
Comentários: 0
casas de arquiteto
Créditos: Joaquín Mosquera

A arquitetura está em constante evolução. As novas tendências estão continuamente a surgir, tanto em design como em materiais e cores. Fachadas translúcidas estão a chegar (ou a regressar?) para acrescentar textura e interesse às fachadas minimalistas. É uma solução que oferece um acabamento moderno.

Uma casa em Hokkaido (Japão) sem o menor interesse torna-se o centro das atenções. Porquê? A chave é a fachada, que passou de uma pele opaca para uma translúcida. As superfícies semi-transparentes começam a proliferar, criando uma nova e sedutora paisagem arquitetónica.

casas transparentes
Créditos: Ikuya Sasaki

Arquitetos de diferentes partes do mundo estão a recuperar esta linguagem de design honesto que usa a modularidade e a iluminação do espaço para gerar padrões mais holísticos e integrados. Ou por outras palavras: conforto, liberdade, calma e energia no seu estado mais puro; um lugar onde se pode crescer e conhecer-se a si próprio. A casa-estudio pintor na cidade espanhola de La Berzosa também brilha com esta estética. O resultado? Um projeto que deslumbra tanto por dentro como por fora.

casas diferentes
Créditos: Joaquín Mosquera

Porque é que as casas com revestimento transparente se estão a multiplicar? A resposta parece residir nas múltiplas vantagens que oferecem, para além das puramente estéticas. Longe de alienar o natural, estes espaços são concebidos para um diálogo permanente com o exterior: estes grandes painéis permitem inundações de luz natural e de ar; são como um poço de luz. E dentro, separam o espaço com flexibilidade e suavidade, filtrando a luz natural e artificial.

Os críticos afirmam que revestir casas com uma superfície deste tipo põe em causa as fronteiras entre os espaços sociais privados e públicos. Dizem que não promovem a privacidade, muito pelo contrário. Neste sentido, vale a pena lembrar que são superfícies translúcidas e não transparentes, pelo que sugerem em vez de mostrar; em vez de mostrar, insinuam. E se quem procura maior privacidade, pode optar por cores escuras, que ainda proporcionam luminosidade e isolamento, mas com menos transparência.

Se tiveres filhos, as superfícies translúcidas dar-te-ão um pouco mais de autonomia, pois podes vê-los e eles podem ver-te, mesmo que não estejas na mesma divisão.

fachadas transparentes
Créditos: Fujitsu

Esta tendência permite aos arquitetos mergulhar nas possibilidades de materiais menos explorados mas muito valiosos, tais como o policarbonato. Nos próximos anos, este material poderá tornar-se uma alternativa ao vidro. O policarbonato é muito mais leve que o vidro, tem uma alta resistência à quebra e poupa energia. O que mais se pode pedir?

O policarbonato também oferece uma estética refinada. A finura do seu acabamento torna-o um material elegante com um aspeto vanguardista. Pode ser utilizado na fachada da casa, como divisor de espaços, mas também em outras circunstâncias. Por exemplo, na escada: as escadas podem ser uma área perigosa se não forem devidamente iluminadas; por esta razão, existem secções onde o policarbonato pode ser utilizado em vez de outros materiais e, desta forma, ganhar em luminosidade.

edifícios arquitetónicos
Créditos: Caroline Dethier

No Palácio de Congressos de El Batel (Cartagena, Murcia), da autoria dos arquitetos José Selgas e Lucía Cano, um policarbonato com pigmentos luminescentes cria um jogo de transparências e tonalidades que variam e introduzem o visitante num universo de estímulos visuais. O interior também gera um jogo óptico, através de uma combinação de azuis e verdes que evocam o fundo do mar. E tudo graças ao policarbonato.

Os edifícios semi-transparentes, especialmente no caso de casas particulares, desafiam a ideia da casa como um refúgio inexpugnável e são uma abordagem muito mais moderna a um diálogo permanente entre os seres humanos e a natureza que os rodeia. Com o tempo, a exposição aos elementos exteriores ajuda a vida natural a instalar-se e a florescer, criando ambientes mais saudáveis. Atrever-te-ias a viver numa casa com paredes translúcidas?

O resultado é uma obra moderna mas clássica, a meio caminho entre o efémero e o permanente, o nómada e o sedentário. Ou melhor, todas estas coisas ao mesmo tempo. Obras em que os limites das situações convencionais são esbatidos, mas que, ao mesmo tempo, são utilizados, modificando-os, descontextualizando-os.

Se sonhas viver em contacto com a natureza, encontrarás um aliado nestas superfícies. Todo o melhor de viver no coração da natureza sem ter de sofrer a inclemência do tempo: chuva, vento, sol excessivo... E se não te atreveres com uma caixa de "vidro", tenta fazer pequenas adições, que te ajudarão a familiarizar-te com esta tendência. As possibilidades são infinitas. Consegues imaginar-te a viver numa cidade onde todas as casas são assim? Aqueles que já viveram neste tipo de habitações dizem que produzem um efeito flutuante, graças às suas condições excecionais de luminosidade, transparência e flexibilidade. O tempo dirá se esta estética será temporária ou se está para ficar.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta