
Os custos dos materiais de construção escalaram à boleia da inflação. E isso refletiu-se nos custos finais de construção em vários países, como foi o caso de Portugal. Sentiu-se tanto que Lisboa e o Porto estão mesmo entre as 75 cidades do mundo onde é mais caro construir edifícios, segundo aponta o relatório International Construction Costs (ICC) 2023.
Olhando para as 100 maiores cidades do mundo distribuídas por seis continentes, o relatório "Novos horizontes" conclui que é mesmo em Genebra, na Suíça, onde é mais caro construir edifícios. Logo a seguir está Londres, no Reino Unido, e Nova Iorque, nos EUA.
O top 10 das cidades mais caras para construir fecha com São Francisco (EUA), Munique (Alemanha), Hong Kong (China), Copenhaga (Dinamarca), Boston (EUA), Zurique (Suíça) e Filadélfia (EUA), revela o International Construction Costs Index 2023.
É preciso descer para a 68º posição para encontrar a capital portuguesa neste ranking. Logo a seguir está o Porto, a 74ª cidade mais cara do mundo para construir edifícios, mostra o mesmo relatório elaborado pela Arcadis, que classifica as cidades de acordo com os custos de construção e a complexidade dos projetos desenvolvidos, tendo por base 10 tipos diferentes de edifícios (residenciais, comerciais e do setor público).
As cidades do país vizinho, Espanha, também se encontram na segunda metade da tabela: Barcelona, Málaga e Madrid aparecem 73º, 76º e 79º, respetivamente, na lista das cidades mais caras para construir imóveis.
Descarbonização do imobiliário tem impacto no custo de construção
As exigências ao nível da eficiência energética dos edifícios, incluindo o design neutro em carbono, também foram tidos em conta na análise do ICC 2023, até porque têm um grande impacto nos preços da construção, concluem.
"Os aumentos dos custos a curto prazo na Europa podem variar entre 5% e 7% para novas habitações e 7% a 10% para edifícios comerciais. Com a necessidade de mitigar as alterações climáticas e num contexto em que as metas de redução de carbono se tornam cada vez mais importantes, os edifícios sustentáveis em locais privilegiados estão a ser cada vez mais procurados", explicam no relatório.
Isto porque, apesar do aumento dos custos, os investidores que pensam em negócios de longa duração precisam ter uma visão de longo prazo para preservar o valor dos ativos e mitigar a exposição às alterações climáticas.
A chefe global de vendas da Arcadis, Kathleen Abbot, considera que, embora os mercados imobiliários sejam cíclicos, deve-se entender que os desafios atuais sobre a neutralidade carbónica e a resiliência climática "não vão desaparecer", até porque a descarbonização do setor imobiliário "só tende a expandir".
“Os preços elevados da construção e as taxas de juro crescentes são uma enorme barreira à ação, mas não fazer nada não é uma opção quando as leis, os padrões de investimento e as expectativas dos clientes estão a aumentar” ao nível da sustentabilidade, sublinhou Kathleen Abbot.
A solução está em apostar num “investimento direcionado que protege o valor, melhora desempenho 'net-zero' e garante a longevidade de ativos e carteiras no longo prazo", considera. Uma forma de os proprietários e investidores de protegerem os seus ativos passa precisamente por apostar na eficiência energética e redução de carbono.
É por isso mesmo que se vê uma crescente procura por edifícios 'net-zero' e edifícios 'green premium', que agregam valor adicional a ativos mais sustentáveis. Até porque, o investimento sustentável será a chave para preservar os edifícios e evitar que se tornem obsoletos em termos de eficiência energética e tecnologia disponível.
Para poder comentar deves entrar na tua conta