
A resiliência e o bom desempenho da fileira da construção e imobiliário tem atraído mais pessoas para trabalhar - até porque há falta de mão de obra sobretudo na construção. E os salários tanto na construção, como nas atividades imobiliárias têm-se tornado mais atrativos, já que subiram 8,5% e 7,3%, respetivamente, entre o primeiro trimestre de 2022 e o período homólogo. Já considerando a inflação, a evolução das remunerações brutas não é tão animadora, mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
O número de trabalhadores em Portugal aumentou 4,2% nos primeiros três meses do ano face a igual período de 2022, atingindo 4,5 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações, revela o INE no boletim publicado esta quinta-feira, dia 11 de maio.
E a fileira do imobiliário e da construção encontram-se entre as primeiras 10 atividades económicas que mais contrataram no primeiro trimestre de 2023, já que aumentaram o número de trabalhadores em 9,6% e 6,4%, respetivamente. No final de março, o imobiliário contava com 54,8 mil trabalhadores e a construção com 331,6 mil pessoas empregadas.
Mas será que os salários também aumentaram? Os dados do INE dizem que sim. Na construção, a remuneração bruta total aumentou 8,5% entre estes dois momentos para 1.051 euros por mês (em média). Já no segmento das atividades imobiliárias, os salários subiram menos (7,3%), fixando-se, no entanto, num patamar superior, nos 1.173 euros por mês.
Tanto os salários na construção, como no imobiliário são bem inferiores à remuneração bruta total a nível nacional que se situou nos 1.355 euros/mês, em média, no trimestre terminado em março de 2023, um valor 7,4% superior face ao mesmo período de 2022. Os empregos relacionados com energia, gás, bem como finanças, seguros e sistemas de informação e comunicação são os mais bem pagos em Portugal, com salários médios mensais superiores a 2.200 euros/mês. Já os menos bem pagos são os relacionados com a agricultura, produção animal, alojamento e restauração.
Salários reais caem no imobiliário e desaceleram na construção
Já tendo em conta os salários reais, tendo por referência a variação da inflação em Portugal, a remuneração bruta total mensal média diminuiu 0,6% a nível nacional, para 1.151 euros/m2. Este valor é 204 euros inferior ao salário bruto nacional sem considerar o ciclo inflacionista.
Considerando os efeitos da subida dos preços, as remunerações brutas reais caíram nas atividades imobiliárias 0,7% entre o primeiro trimestre de 2022 e o período homólogo. Assim, os salários reais no imobiliário fixaram-se num valor bem menor: 996 euros mensais (-177 euros).
No caso da construção, também se verifica uma redução dos salários reais face ao que exclui a inflação em 159 euros, já que considerando os efeitos da inflação o valor cai para 892 euros mensais. Esta remuneração bruta total real é apenas 0,5% superior do que no mesmo período do ano passado, indicam os dados do INE.
Olhando para as 21 atividades económicas, verifica-se que os salários brutos reais caíram em 8, mantiveram-se praticamente estáveis em 5 e subiram em 8 setores. Já não tendo em conta a inflação, as remunerações brutas totais subiram em todos os segmentos.
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