Juros de referência nos EUA ficam entre 5% e 5,25%. Mas dirigentes da Fed abrem a porta para haver novas subidas dos juros.
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Juros nos EUA
Jerome Powell, presidente da Fed Getty images

Depois de 10 subidas consecutivas, a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) decidiu esta quarta-feira, dia 14 de junho, fazer pausa nas subidas das taxas de juro. Assim, pela primeira vez desde março de 2022, a Fed decidiu manter as taxas de juro entre 5% e 5,25%, o nível mais alto desde meados de 2007. Por detrás da decisão está a descida da inflação nos EUA e também a necessidade de avaliar os impactos da sua política monetária. Mas a subida dos juros não deverá ficar por aqui, já que os dirigentes da Fed continuam favoráveis a novos aumentos.

A manutenção das taxas de juro nos EUA foi decidida esta quarta-feira, depois dos dados divulgados pelo Departamento do Trabalho norte-americano, que davam conta de que a inflação nos Estados Unidos desacelerou significativamente de 4,9% em abril para 4% em maio, o valor mais baixo registado desde março de 2021. Em termos mensais, a inflação nos EUA subiu 0,1% em maio (menos que em abril, 0,4%) e a inflação anual saiu em linha com as previsões dos analistas.

Segundo a Fed, a manutenção deste intervalo dos juros - entre 5% e 5,25% - permitirá ao comité “avaliar informação adicional e as suas implicações para a política monetária”, explicam em comunicado, que dá nota que a decisão a manter as taxas de juro foi tomada por unanimidade. As avaliações do comité terão em conta uma “vasta gama de informação”, incluindo sobre as condições do mercado de trabalho, pressões e expectativas acerca da inflação e desenvolvimentos financeiros e internacionais.

Esta pausa na subida dos juros vai ainda “permitir observar mais informação antes de tomar decisões sobre a dimensão” das subidas ainda necessárias, afirmou, por exemplo, Philip Jefferson, um dos governadores do bano central e em breve seu vice-presidente, se o Senado confirmar a sua nomeação. Por outro lado, a pausa deve permitir evitar um peso excessivo no consumo e no investimento e, assim, evitar uma recessão.

Ainda assim, a Fed vai continuar muito atenta “aos riscos de inflação”, considerando que se mantém “elevada” e reforçando o objetivo de atingir a meta de 2% neste indicador. “O comité está fortemente empenhado em fazer regressar a inflação ao seu objetivo de 2%” e, por isso, "estará preparado para ajustar a sua orientação sobre a política monetária, conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir que sejam atingidas as metas” a que se propôs. E em cima da mesa podem estar mesmo novas subidas de juros.

Quase todos os dirigentes da Fed querem mais subidas dos juros

Apesar de terem decidido manter os níveis das taxas de juro, “quase totalidade” dos membros do comité de política monetária da Fed (FOMC) continuam favoráveis a mais subidas da taxa de juro de referência, apesar da inflação estar a descer nos EUA, disse o presidente da instituição, Jerome Powell, em conferência de imprensa.

“A quase total dos participantes vêem como provável o facto de novas subidas da taxa serem necessárias este ano para colocar a inflação em 2%”, declarou Jerome Powell, acrescentando que estas próximas subidas devem ser feitas “a um ritmo moderado”.

Neste sentido, os dirigentes da Fed antecipam, na sua maioria, uma subida da taxa até final deste ano para o intervalo 5,50%-5,75%. Um membro da FOMC admite mesmo uma subida para o intervalo 6,00%-6,25%. Esta perspetiva fez cair a bolsa nova-iorquina, que passou a evoluir com perdas depois da publicação do comunicado da Fed.

Já para 2024, a maioria dos membros do FOMC antecipa uma descida posterior da taxa de juro para o intervalo 4,25%-4,50%.

O FOMC reviu inclusive em baixa ligeira a sua previsão de inflação para os EUA em 2023, de 3,3% para 3,2%, e em alta acentuada a do crescimento do produto interno bruto, dos 0,4% avançados em março para um por cento agora.

*Com Lusa

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