Futuro da política monetária nos EUA não está decidido e dependerá dos dados económicos, frisou Powell.
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Embora haja sinais da desaceleração da economia e um clima de instabilidade no sistema bancário,a Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) decidiu esta quarta-feira, dia 3 de maio, voltar a subir as taxas de juro em 25 pontos básicos, mantendo a determinação em conter a inflação. Para já, a Fed não tomou nenhuma decisão quanto ao futuro rumo da sua política monetária, num momento em que vários bancos centrais decidiram fazer uma pausa na subida dos juros diretores.

O aumento, o décimo no último ano, está em linha com o previsto pelos analistas e surge num contexto de elevada instabilidade bancária, noticiou a agência Efe.

Em comunicado, a Fed não fez qualquer referência sobre se esta poderá ser a última subida antes de uma pausa devido à instabilidade do sistema bancário.

A principal taxa da Fed encontra-se agora no intervalo de 5 a 5,25%, a mais elevada desde 2006, decisão tomada por unanimidade, anunciou a instituição em comunicado divulgado após a reunião do seu comité de política monetária (FOMC).

No comunicado, as autoridades da Fed especificam apenas que irão observar os efeitos das sucessivas decisões, e o atraso com que afetam a economia real, mas também a "evolução económica e financeira", para decidir sobre a necessidade ou não de mais medidas.

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Esta posição marca uma mudança de tom em relação às reuniões anteriores, quando se antecipou a necessidade de continuar a aumentar as taxas.

A crise bancária deu um apoio inesperado à luta da Fed contra a inflação: “O aperto das condições de crédito às famílias e às empresas deverá pesar na atividade económica, nas contratações e na inflação”, sublinhou também a Reserva Federal dos EUA, frisando que “o sistema bancário é sólido e resiliente”.

Powell nega que a Fed tenha decidido interromper aumento dos juros nos EUA

O presidente da Fed negou esta quarta-feira que as subidas das taxas de juro serão interrompidas devido à instabilidade do sistema bancário, acrescentando que essa decisão dependerá dos próximos dados económicos.

"Nenhuma decisão sobre uma interrupção foi tomada hoje", salientou Powell em conferência de imprensa, após o anúncio da nova subida das taxas de juro, de 25 pontos básicos, por parte do banco central norte-americano.

O limite das subidas das taxas de juro vai depender dos dados económicos das próximas semanas e será feita uma “avaliação contínua (…) reunião a reunião”, explicou.

Powell começou seu discurso a garantir que está confiante na força do sistema bancário.

"As condições nesse setor melhoraram muito desde o início de março e o sistema bancário dos EUA é forte e resiliente", frisou.

"Continuaremos a monitorizar as condições do setor. Estamos empenhados em aprender as lições corretas desses eventos e trabalharemos para evitar que eventos como esses voltem a acontecer", destacou.

Na reunião anterior, em março, os membros do comité decidiram aumentar as taxas em apenas um quarto de ponto, devido à incerteza desencadeada pela falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, e pelo resgate do First Republic Bank.

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Embora as causas da falência sejam extensas, a investigação do ocorrido sugere que sua situação financeira se agravou devido à política monetária da agência.

As principais autoridades económicas do país, incluindo Powell, insistiram nas últimas semanas que a situação não levará a uma crise financeira, mas os mercados voltaram a oscilar na semana passada devido a fortes quedas do First Republic Bank.

Ainda na conferência de imprensa, Jerome Powell alertou que "ninguém pode assumir" que a organização será capaz de proteger a economia do país se os Estados Unidos entrarem em suspensão de pagamentos pela recusa do Congresso em aumentar o teto da dívida.

"Ninguém deve presumir que a Reserva Federal pode realmente proteger a economia, o sistema financeiro e a nossa reputação mundial dos danos que tal evento possa infligir", sustentou.

O presidente do banco central norte-americano insistiu que “é fundamental que o teto da dívida seja elevado em tempo útil para que o Governo consiga pagar todas as suas contas”.

A Câmara dos Representantes, a câmara baixa do Congresso norte-americano, de maioria republicana, aprovou um projeto de lei em 26 de abril para elevar o limite da dívida em troca de cortes amplos nos gastos públicos, mas os democratas não querem condicionar uma coisa à outra e a Casa Branca já alertou que o Presidente Joe Biden vetará essa iniciativa caso esta chegue ao seu gabinete.

*Com Lusa

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