
A Reserva Federal (Fed) dos EUA subiu, esta quarta-feira (22 de março de 2023), a sua taxa de juro em 25 pontos base, preocupada em travar a inflação – fica agora entre 4,75% e 5%, encontrando-se no nível mais alto desde 2006. Avisou, no entanto, que a turbulência no setor bancário pode vir a penalizar a economia. O presidente da entidade, Jerome Powell, revelou que, devido à recente crise bancária, os aumentos das taxas de juro podem não ser adequados para conter a subida da inflação, que escalou na sequência da guerra na Ucrânia.
A Fed adiantou, num comunicado divulgado após uma reunião de dois dias, que a recente crise que afeta os bancos é "suscetível de pressionar a atividade económica, o emprego e a inflação", mas considerou que "a dimensão desses efeitos ainda é incerta".
O banco central reafirmou que "o sistema bancário norte-americano é sólido e resiliente" e disse que o seu comité de política monetária vai continuar "atento aos riscos de inflação".
De referir que a Fed atualizou também as previsões económicas que tinha divulgado em dezembro: a inflação para 2023 foi revista em alta de 3,5% para 3,6% e para 2024 as previsões apontam para 2,6% em vez de 2,5%.
Em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) os números foram revistos ligeiramente em baixa. A Fed antecipa agora um crescimento de 0,4% este ano, em vez de 0,5% e para o próximo ano prevê 1,2% em vez de 1,6%.
Mais aumentos podem não ser adequados, diz Jerome Powell
Segundo Jerome Powell, presidente da Fed, devido à recente crise bancária – os bancos Silicon Valley Bank (SVB), Signature Bank e Silvergate colapsaram, o que criou uma vaga de inquietação –, os aumentos das taxas de juro podem não ser adequados para conter a inflação.
Em conferência de imprensa, o responsável recordou os eventos na banca nas últimas duas semanas, destacando que deverão resultar em “condições mais apertadas no crédito das famílias e negócios”.
“É muito cedo para determinar a dimensão destes efeitos e, por isso, para dizer como é que a política monetária deve responder”, referiu, indicando que, assim, a Fed já não pode dizer que “antecipa que os aumentos de juros em curso serão apropriados para conter a inflação”. Em vez disso, uma consolidação poderá ser apropriada, indicou.
*Com Lusa
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