A política monetária restritiva do Banco Central Europeu (BCE) está a dar frutos. Depois de o regulador europeu ter decidido manter as três taxas de juro diretoras inalteradas na última reunião, o Eurostat trouxe boas notícias ao mercado: a taxa de inflação anual na Zona Euro voltou a cair em outubro para 2,9%, estando agora mais perto do objetivo de inflação do BCE (de 2%). Esta é mesmo a variação de preços na área euro mais baixa dos últimos dois anos.
Os dados provisórios do Eurostat publicados esta terça-feira, dia 31 de outubro, indicam que a taxa de inflação anual da área do euro (medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor) deverá ser de 2,9% em outubro de 2023, contra 4,3% em setembro deste ano e contra 10,6% em outubro de 2022. Este é mesmo o valor mais baixo registado em mais de dois anos, depois de uma taxa de inflação anual semelhante, de 3%, ter sido verificada em agosto de 2021.
O serviço estatístico comunitário adianta que, para a taxa de inflação de 2,9% registada em outubro na Zona Euro, contribuem as seguintes componentes:
- Produtos alimentares, o álcool e o tabaco (7,5%, em comparação com 8,8% em setembro),
- Serviços (4,6%, em comparação com 4,7% em setembro);
- Produtos industriais não energéticos (3,5%, em comparação com 4,1% em setembro);
- Energia (-11,1%, em comparação com -4,6% em setembro).
Também a inflação subjacente na Zona Euro - que exclui os produtos mais voláteis como energia, bens alimentares, álcool e tabaco – deverá fixar-se nos 4,2% em outubro, valor que se compara com a taxa de 4,5% registada em setembro. Há um ano, a inflação subjacente na área euro era de 5,0%.
Inflação na Zona Euro está perto de atingir meta do BCE de 2%
A taxa de inflação tem vindo a baixar nos últimos meses após registar valores históricos devido à reabertura da economia pós-pandemia de Covid-19, à crise energética e às consequências económicas da guerra na Ucrânia. Se as previsões do Eurostat se confirmarem a 17 de novembro (data em que vão ser publicados os dados oficiais), significa que a inflação na Zona Euro estará bem perto do objetivo de 2% fixado pelo BCE para assegurar a estabilidade dos preços.
Para o atingir, o BCE tem apertado a política monetária com sucessivos aumentos das taxas de juro nos úlitmos meses. Mas na reunião de outubro o regulador liderado por Christine Lagarde decidiu fazer uma pausa na subida dos juros diretores, de forma a que a política monetária mais restritiva seja transferida às economias.
Nas previsões macroeconómicas de verão, divulgadas em meados de setembro, a Comissão Europeia reviu em baixa a previsão de inflação este ano na Zona Euro, para 5,6%, referindo que a apertada política monetária “está a funcionar”, mas alertou para perdas de rendimento e piorou a projeção para 2024.
Como é que variou a inflação nos países da UE?
Apesar da inflação na Zona Euro - que contou com dados de 20 países - ter caído para 2,9%, contabilizam-se 14 países que ainda apresentam uma subida de preços bem superior.
A Eslováquia (7,8%), Croácia (6,7%) e a Eslovénia (6,6%) apresentam as maiores taxas de inflação entre os diferentes países europeus, muito embora tenham caído face ao mês anterior.
Portugal encontra-se a meio da tabela, registando uma taxa de inflação de 3,3% em outubro, bem inferior à apurada em setembro (4,8%), mostram os dados provisórios publicados pelo gabinete estatístico da União Europeia.
Houve ainda dois países que registaram taxas de inflação negativas em outubro: Bélgica (-1,7%) e os Países Baixos (-1,0%). Depois destes, as taxas mais baixas são observadas em Itália (1,9%), no Luxemburgo (2,1%) e na Finlândia e na Letónia (ambas com 2,4%).
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