
Decorar é mais do que criar um espaço bonito. É uma forma de expressão que transcende a mera estética visual, uma vez que tem um impacto psicológico significativo no dia a dia. Um ambiente bem decorado influencia positivamente o estado de espírito e bem-estar, mas não só. Hoje em dia, é também uma ferramenta essencial no negócio da compra e venda de casas, permitindo valorizar os imóveis. A arquitetura de interiores é, por isso, um desafio (e uma arte). Afinal, o que é imprescindível numa casa de sonho? Bárbara Dias, da Pistacho Decor, deixas algumas dicas nesta entrevista ao idealista/news.
A decoração de uma casa é mais difícil do que parece. Seja por falta de inspiração e/ou de conhecimento (e até paciência), pode tornar-se um processo confuso e frustrante. É importante rentabilizar os metros quadrados (m2), e ao mesmo tempo criar ambientes bonitos e funcionais. E foi também a pensar nisso que Bárbara Dias fundou o seu atelier. O negócio da Pistacho Decor nasceu em plena pandemia, quando o confinamento obrigou tudo e todos a repensar as casas.
Os projetos de interiores foram-se multiplicando e até deram origem ao livro “Aprenda a decorar a sua casa de sonho”. Com ele, a arquiteta fornece um verdadeiro manual para criar ambientes funcionais e práticos, uma compilação de muitas dicas que vai partilhando nas redes sociais. Bárbara dias não tem dúvidas de que “uma casa de sonho é uma casa funcional e prática, que responda às necessidades de quem a habita, que transmita aconchego, seja acolhedora”, sendo essa a premissa dos seus projetos.
Fala-se muito em tendências, mas, por vezes, o essencial é esquecido. Qual deve ser a “base” para decorar uma casa? E para quem tem pouco orçamento, em que deve investir? Qual á a forma mais eficaz de alterar o visual de um espaço? A arquiteta dá resposta a esta e outras perguntas ao longo desta entrevista.

Quem é a Bárbara? O que destacaria no seu percurso pessoal e profissional e o que a levou até onde hoje está?
Sou arquiteta de formação, tenho 38 anos, mãe do Mateus, sou apaixonada pelo meu trabalho, criativa e uma mulher de soluções.
Quando engravidei comecei a fazer ilustrações para decorar o quarto do meu filho. Ao partilhar com as minhas amigas, elas gostaram bastante e com o incentivo do meu marido criei no Instagram uma página onde comecei a partilhar as ilustrações. Foi assim que há três anos nasceu a Pistacho. Na altura estava a trabalhar na minha área de formação, e mais tarde acabei por começar a trabalhar a tempo inteiro neste projeto, em plena pandemia, nos anexos da minha casa.
Depois das ilustrações comecei a partilhar dicas sobre decoração e arquitetura de interiores, o que resultou em pedidos de projetos de interiores, inicialmente de divisões e progressivamente de moradias completas.
Em 2022, abri o nosso primeiro espaço físico para o atelier Pistacho, e com a subida do número de projetos fui progressivamente aumentando a minha equipa, que inicialmente começou comigo, sozinha, e aos dias de hoje conta com nove elementos, de forma presencial, a trabalhar em diversas áreas, desde a arquitetura, design, financeiro, administrativo e orçamentação, entre outros. A equipa conta ainda com elementos que trabalham remotamente e um leque de fornecedores das mais diversas áreas que nos permite entregar projetos chave na mão, do primeiro bloco ao último pormenor decorativo.
Em 2023, mudámos para um novo espaço, que renovámos por completo e tem capacidade para albergar uma equipa multidisciplinar.
Como surgiu a ideia de escrever um livro? E o que poderemos “aprender” com ele? Que dicas destacaria?
O livro surge na sequência da partilha de várias dicas de decoração e de arquitetura de interiores. Funciona como que uma compilação das várias dicas que vinha a partilhar nas redes sociais.
O livro “Aprenda a decorar a sua casa de sonho” fornece uma base sólida, para pessoas que não são da área, de forma a compreenderem quais são as fundações de ter espaços funcionais e práticos, onde devem colocar determinados elementos, uma explicação sobre os aspetos basilares de cada estilo de decoração, os passos essenciais para um projeto de interiores e dicas de decoração para cada divisão com os seus elementos essenciais.

E afinal... o que é uma casa de sonho?
Uma casa de sonho é uma casa funcional e prática, que responda às necessidades de quem a habita, que transmita aconchego, seja acolhedora. No fundo, o que o seu lar deve transmitir.
Cada casa é única, porque cada pessoa, cada família que a habita é única, as suas necessidades, rotinas e os seus gostos são diferentes, e a sua casa deve refletir exatamente isso.
Falamos sempre em tendências, mas, muitas vezes, esquecemos o essencial. Qual deve ser a “base” para decorar uma casa? Por onde começar?
A funcionalidade é para mim a maior premissa nos nossos projetos. Acredito que uma casa pensada e planeada, com base na funcionalidade, cria um ponto de partida para divisões melhores, mais práticas e acessíveis.
Para quem tem pouco orçamento, em que deve investir de raiz sim ou sim e que mudanças se podem fazer numa casa já decorada, por exemplo?
Com pequenas mudanças é possível sim melhorar os ambientes de nossa casa. Algumas dicas:
- Pintar paredes - é uma forma fácil e rápida de modificar um ambiente;
- Mudar de almofadas - estas peças são perfeitas para dar o efeito rápido de mudança;
- Alterar o layout da divisão - mudar a posição dos móveis cria uma nova decoração;
- Apostar em tapetes - o uso de tapetes muda de forma surpreendente o espaço, tornando-o mais acolhedor.
Se tivesse de eleger a forma mais eficaz de alterar o visual de uma casa, qual seria?
Investir em mobiliário por medida, que se adapte não só ao espaço, às necessidades das pessoas, mas também porque permite retirar o maior proveito do espaço. Investir em peças e tons/cores atemporais, que nunca saiam de moda ou que nos cansemos facilmente, de forma a que a casa seja sempre atual e não tenha que fazer alterações consoante a mudança de tendências.

Hoje em dia privilegia-se a sustentabilidade, os materiais eco-friendly, a reutilização. Como é que se pode aplicar, na prática?
Passa sobretudo pela escolha consciente de materiais, de forma a diminuir o consumo excessivo e o desperdício de recursos, que poderá passar pela escolha de materiais naturais. No fundo passa também pelo uso de materiais e decoração atemporais, de forma a que não se tenha de fazer trocas constantes baseada nas tendências que vão surgindo. Os materiais naturais representam, geralmente, um valor mais elevado, mas por norma são matérias atemporais, que não saem de “moda”. Optar por matérias como madeiras, vidro, pedra e tecidos naturais em detrimento de mateais como plástico, pele, tecidos sintéticos, poderá ser uma boa opção, reduzindo assim o custo para o ambiente que decorre da produção de matérias não orgânicas; assim como utilizar plantas, colocar natureza viva em casa, dá cor e vida ao espaço.
Estas opções ajudam o ambiente e aproximam as pessoas da natureza. Optar por iluminação led – menor consumo; fazer o maior aproveitamento da luz natural do espaço; optar por tintas de base aquosa, com menos componentes voláteis, e não tóxicos; tomar atenção à certificação energética dos eletrodomésticos na hora da escolha.
O que se entende, hoje, por casa moderna? O que tem de ter?
Casas modernas, partindo do princípio da arquitetura moderna, são casas com plantas abertas, fachadas com linhas retas e simples, grandes vãos (janelas), etc; casas com os tao conhecidos open space que vieram para integrar os ambientes, reforçando o convívio familiar.
Do seu trabalho no terreno, que divisões identifica como sendo as “preferidas” para remodelar (ou decorar de raiz)? E as que mais dores de cabeça dão?
Eu gosto muito de desenhar e criar open spaces, em particular cozinhas. E por incrível que possa parecer quanto mais desafiante é o projeto, mais gratificante e satisfatório é.
O que é que os seus clientes procuram mudar?
O layout da casa; os interiores dos ambientes; procuram encontrar soluções para as necessidades que têm. Desde a remodelação dos espaços até à construção de raiz.

As redes sociais são fontes de inspiração na hora de decorar uma casa. De que forma devem ser usadas para se evitar uma massificação de estilos e conseguir ter uma identidade própria dos estilos?
No meu caso, penso que temos uma linguagem e um estilo bem definidos; os clientes que nos procuram identificam-se com o nosso trabalho e o nosso estilo porque ele é muito consistente; temos um estilo contemporâneo, com as premissas basilares da praticidade e funcionalidade, que procura proporcionar ambientes atemporais, aconchegantes, luminosos e elegantes.
Minimalismo e tons neutros ainda são tendência? A nível internacional muitos interioristas têm defendido que não, está de acordo e porquê?
Menos é mais! O minimalismo e os tons neutros permitem criar espaços que estarão sempre atuais, espaços relaxantes, muito clean e aconchegantes, sem exagero das formas e ornamentação, com muito boa iluminação e que se pautam sobretudo por serem elegantes e amplos.
Acredito que estamos a criar espaços que requerem acima de tudo funcionalidade e organização.
Mas podemos sempre olhar para este estilo de decoração lembrando a capacidade que este tem de reduzir o ruido visual nos espaços pelas suas linhas simples e elementos essenciais.
Quais serão as “linhas mestras” no universo de interiores para 2024?
- Linhas curvas - mobiliário com formas arredondadas: móveis fluidos com formas orgânicas e design curvilíneo estão na moda. Peças que oferecem conforto e apelo visual criando uma atmosfera harmoniosa e convidativa.
- Home office elegante: o home office veio para ficar, tornando-se num elemento permanente nas habitações. Móveis ergonómicos, funcionais com design elegante que tornam estes ambientes inspiradores e elegantes.
- Tecnologia discreta/invisível: a tecnologia continua a revolucionar a forma como vivemos. Em 2024 ela irá integrar-se na perfeição aumentando o conforto das nossas casas. Inovações que tornam o nosso dia a dia bem mais fácil e eficiente.
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