Neste Dia da Mulher, o idealista/news entrevistou Mariana Morgado Pedroso, para a rubrica “Em casa do arquiteto”.
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Pedro Gois (Colaborador do idealista news) ,
Joana Malaquias (Colaborador do idealista news)

O conceito nasceu no Reino Unido, mas dez anos depois de Mariana Morgado Pedroso ter trazido a Architect Your Home para Portugal, a empresa comprou a casa-mãe, a Architect Your Home UK, ficando assim a deter a marca e trazendo a sede para “casa”, em Paço de Arcos.

A arquiteta lidera agora quase 30 equipas neste projeto internacional que conjuga ambição e inclusão. E neste Dia da Mulher, o idealista/news entrevistou a responsável para a rubrica “Em casa do arquiteto”.

“Diria que é altamente democrática a maneira como nós trabalhamos”, explica Mariana Morgado Pedroso, que define a Architect Your Home como um coletivo de arquitetos que seguem um método comum. “As regras são boas porque permitem, criando metodologias, ir mais longe”, explica. 

E o que é que esta criativa, apaixonada pelo mundo da matemática, mais valoriza numa casa? Para Mariana, a casa ideal é uma "casa onde se vive em família de uma forma descontraída." Não gosta de casas muito formais, mas sim de "casas descontraídas, que tenham muita luz, que sejam um espaço onde as crianças e os adultos possam conviver sem criar separações físicas entre eles". Foi assim que desenhou a sua.

A “Architect Your Home” é diferente de um atelier de arquitetura. Explique-me porquê.

É, sem dúvida, um projeto diferenciador dos outros ateliers. Primeiro, porque nós não nos chamamos um atelier. Somos uma empresa de serviços. Logo, à partida, há uma diferenciação muito grande, trabalhamos muito o mercado dos produtores e dos investidores. Paralelamente trabalhamos para as pessoas comuns poderem ter um arquiteto que as vai ajudar, portanto, diria que é altamente democrática a maneira como nós trabalhamos.

Architect Your Home
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Como funciona na prática este conceito?

Funcionamos como um coletivo de arquitetos de norte a sul do país. Aqui estamos na sede, portanto, a nossa “casa” em Paço de Arcos, mas depois temos várias casas ao longo do país e esse coletivo de arquitetos trabalha sob a marca Architect Your Home, pensando arquitetura da mesma maneira e garantindo que conseguimos dar o mesmo tipo de serviço a todos os clientes que nos procuram.

Funcionamos também com um menu de serviços. Isso é muito diferenciador. Não temos a tradicional proposta de honorários com um estudo prévio, licenciamento, execução, pelo contrário, separámos em pequenos itens, de maneira que a pessoa possa selecionar trabalhar com um arquiteto tanto ou quando precisar. Ou seja, imagine que tem uma casa e precisa de alguém que vai dar a parte criativa, ajudar a resolver um problema. Nós temos consultorias específicas para isso e vamos lá esse tempo. É uma consultoria que permite que a pessoa desbloqueie uma situação e não tem que necessariamente pagar um projeto inteiro.

É tornar a linguagem da arquitetura mais acessível à pessoa comum?

Sim, sobretudo no início eu sentia que era muito isso. Quando montei o Architect Your Home sentia muito que só ia contratar um arquiteto alguém que tivesse capacidade económica, ou então mesmo investidores. Havia uma franja enorme de pessoas que poderiam beneficiar com o serviço do arquiteto, mas que não utilizavam e queria desmistificar um bocadinho isso.

Quando montei o Architect Your Home sentia muito que só ia contratar um arquiteto alguém que tivesse capacidade económica, ou então mesmo investidores.

Sente a arquitetura é cada mais valorizada em Portugal?

Depende do ponto de vista. Se for da visão do consumidor final, eu diria que ainda temos um trabalho para fazer. Também depende da zona geográfica, nós notamos que no Norte, por exemplo, há uma valorização muito maior do trabalho do arquiteto do que a Sul. Tem muito a ver com experiência com as escolas de arquitetura, não é com uma certa. Há uma abrangência cultural diferente em certos sítios, mas há muito trabalho ainda a fazer.

Architect Your Home
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Sempre sonhou ser arquiteta?

Sempre estive ligada à área criativa. Assim, achei que arquitetura era um caminho que respondia a uma parte prática. Eu sentia sempre necessidade de pôr as coisas em prática e o lado criativo aplicado só às artes parecia-me curto.

Sempre gostei imenso de matemática, então acabei por juntar as duas coisas e fui parar ao Técnico, que é uma faculdade de arquitetura inserida numa escola de engenharia e que combinava claramente as duas faces da moeda.

Acha que esse percurso justifica a criação deste conceito mais prático?

É completamente prático e disruptivo no meio da arquitetura. Sentimos que isto não ia ser o atelier da Mariana ou da Joana, ia ser uma marca, e essa marca ia permitir que nós chegássemos muito mais longe enquanto coletivo, mas também criava regras. As regras são boas porque permitem, criando metodologias, ir mais longe.

Architect Your Home
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A Mariana dizia que este atelier acaba por ser um bocadinho a sua casa. Mas, na sua vida pessoal, o que é que mais valoriza numa casa?

Nós, quando lançámos a Architect Your Home falávamos precisamente do que é que é a casa ideal. O nosso vídeo de abertura era “o que é a casa ideal”. Para mim, a casa ideal é uma casa onde se vive em família de uma forma descontraída, não gosto de casas muito formais.

Gosto de casas descontraídas, que tenham muita luz, que sejam um espaço onde as crianças e os adultos possam conviver sem criar separações físicas entre eles e, portanto, desenhei a minha casa nessa semelhança.

Há algum projeto que tenha sido mais marcante ao longo destes anos?

Sim, eu acho que houve aqui dois ou três projetos mais marcantes. Um desses projetos, principalmente pela relação que eu tenho com o património, foi a recuperação do Palácio Nacional de Queluz. Durou muitos anos e foi um projeto que envolveu muito conhecimento técnico na área do património. Foi muito gratificante, e trabalhar num monumento como o Palácio de Queluz foi algo que acabou por ser um porta-estandarte da nossa capacidade técnica.

Architect Your Home
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Depois houve projetos mais pequenos, na área habitacional, que marcaram pela relação pessoal que se constrói com os clientes. Às vezes são projetos de famílias que não são de Portugal, que se mudaram para Portugal, e que nós demos um apoio de tal forma que acabamos por ficar todos amigos. Outros pela escala, quando começámos a entrar para a área dos promotores, como Vila Rio, que é um projeto da Teixeira Duarte. Eu diria que foi o nosso também porta-estandarte para entrar nesse mercado.

Architect Your Home
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Se a Mariana se pudesse escolher qualquer lugar qualquer do mundo para viver, qual seria?

Vivia aqui, sem dúvida. Se pudesse escolher qualquer lugar do mundo vivia em Portugal, eventualmente fazia umas incursões para a Indonésia, ou outros destinos mais relacionados com outras áreas da minha vida. Tenho viajado muito em negócios e mesmo na vida pessoal, Portugal é um destino muito apetecível pela qualidade de vida que nós aqui temos, temos um bocadinho de tudo, e estamos inseridos na Europa.

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