Um dos mais influentes family offices da Austrália está a preparar um ambicioso investimento imobiliário no Reino Unido, estimado em mais de mil milhões de libras (cerca de 1,2 mil milhões de euros), com o objetivo de construir 3.000 casas em terrenos adjacentes a campos de golfe na região sul de Inglaterra, incluindo Londres.
O grupo Bangarra, fundado pelo ex-jogador de futebol australiano Jeff Chapman, nomeou a empresa de investimentos Fairway Capital para liderar a avaliação do seu portefólio de oito campos de golfe, operados sob a marca Crown Golf. A proposta prevê que um terço das novas casas sejam destinadas a habitação acessível, de acordo com os requisitos impostos pelo atual governo trabalhista britânico, segundo a Bloomberg.
Este projeto surge na sequência das reformas de planeamento anunciadas pelo governo do Reino Unido em 2024, com o objetivo de aliviar a escassez habitacional e estimular o crescimento económico. A ministra das Finanças, Rachel Reeves, tem defendido a necessidade de construir mais habitação em terrenos subaproveitados da 'cintura verde' (green belt), nomeadamente parques de estacionamento abandonados e zonas industriais devolutas — zonas conhecidas como 'gray belt'.
Contudo, o projeto da Bangarra deverá ser um teste à viabilidade das novas regras de habitação acessível, que exigem agora que os projetos no 'gray belt' ofereçam pelo menos 15% mais habitação a preços controlados do que as políticas locais determinam. Em Londres, o presidente da Câmara, Sadiq Khan, anunciou recentemente que irá disponibilizar partes da cintura verde da capital para a construção de casas, privilegiando sempre a componente social.
Ainda assim, especialistas alertam que a estratégia do governo pode ser demasiado ambiciosa. Muitos promotores enfrentam dificuldades em encontrar compradores para as frações acessíveis, devido à capacidade limitada dos operadores de habitação social, que estão próximos dos seus limites de endividamento. De acordo com um estudo da Knight Frank, publicado em fevereiro, cerca de 80% dos promotores estão a ter dificuldades em colocar estas unidades no mercado.
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