
A gigante imobiliária chinesa Country Garden chegou, na semana passada, a um acordo com um grupo de credores bancários que detêm quase metade da sua dívida fora do país, um passo crucial para o seu plano de reestruturação. O movimento surge num contexto em que a crise do setor imobiliário continua a abalar a economia chinesa.
Além deste acordo, a promotora conta já com o apoio de 77% dos detentores de obrigações à sua proposta de reestruturação, avaliada em cerca de 14,1 mil milhões de dólares (12,1 mil milhões de euros). A empresa, que foi a maior promotora da China entre 2017 e 2022, espera concluir a reestruturação até ao final de 2025.
A Country Garden entrou em incumprimento em outubro de 2023, após uma grave crise de liquidez, acumulando perdas de cerca de 30 mil milhões de dólares nos últimos dois anos. Apesar disso, conseguiu reduzir estas perdas em 82% em 2024, refletindo esforços significativos para recuperar a confiança dos credores.
Mercado imobiliário chinês continua em queda, apesar dos esforços de reestruturação
A situação da Country Garden espelha os desafios do mercado imobiliário chinês, pressionado por restrições de financiamento impostas pelo governo desde 2020 a promotoras altamente endividadas, incluindo nomes como a Evergrande. Apesar das medidas de apoio estatais, as vendas comerciais continuam em queda, com retrações anuais de 24,3% em 2022, 8,5% em 2023 e 12,9% em 2024.
Essa fraqueza do setor também se reflete nos preços das habitações. Dados oficiais divulgados no dia 15 de agosto de 2025, indicam que os preços das casas novas na China caíram pelo vigésimo sexto mês consecutivo, recuando 0,31% em julho face a junho. Sessenta das 70 cidades analisadas registaram descidas de preços.

No mercado de segunda mão, os preços das habitações também continuaram a cair, embora a uma taxa ligeiramente menor de 0,51% em julho. Apenas duas cidades, Xining e Taiyuan, registaram estabilidade ou uma ligeira subida nos preços, enquanto Xangai voltou a mostrar aumentos limitados em algumas áreas.
O governo chinês tem implementado diversas medidas para travar o colapso do setor, incluindo linhas de crédito estatais para promotoras e estímulos à conclusão de projetos vendidos em planta. A habitação é um dos principais veículos de investimento das famílias chinesas, tornando a estabilidade do setor crítica para a coesão social e a confiança económica.
Analistas alertam, no entanto, que a recuperação continua lenta e incerta. Mesmo com acordos como o da Country Garden, o mercado enfrenta desafios estruturais profundos, e a queda prolongada dos preços das casas reforça os receios de uma desaceleração mais ampla da economia chinesa, onde o setor imobiliário representa cerca de 30% do PIB, incluindo efeitos indiretos.
Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.
Segue o idealista/news no canal de Whatsapp
Whatsapp idealista/news Portugal Whatsapp idealista/news Portugal
Para poder comentar deves entrar na tua conta