O apagão que paralisou o país no passado mês de abril trouxe à luz uma realidade simples, de nem sempre conseguimos recorrer a cartões ou serviços eletrónicos. Para evitar surpresas, o Banco de Portugal (BdP) aconselha agora os cidadãos a manterem algum dinheiro físico em casa.
A recomendação surge pela primeira vez num documento oficial, publicado no Boletim Notas e Moedas a 31 de outubro, e reflete a necessidade de assegurar pagamentos essenciais mesmo em situações de emergência.
- Qual a recomendação do Banco de Portugal em relação ao dinheiro vivo?
- Vantagens de ter dinheiro vivo em casa
- Como guardar dinheiro em casa: 5 dicas seguras
- Que riscos corres ao ter muito dinheiro físico em casa?
- Quais são as regras sobre o dinheiro físico em casa?
- Quanto dinheiro posso levantar por dia na caixa automática do Multibanco?
Qual a recomendação do Banco de Portugal em relação ao dinheiro vivo?
De acordo com o Banco de Portugal (BdP), é prudente que cada família mantenha uma pequena reserva em dinheiro físico suficiente para cobrir as despesas essenciais durante, pelo menos, 72 horas. A recomendação surge da necessidade de garantir autonomia em situações de falhas nos sistemas eletrónicos, como apagões ou ciberataques.
Em termos práticos, alguns países europeus sugerem reservar entre 70 a 100 euros por pessoa, valor que pode ser utilizado para despesas básicas do dia a dia, nomeadamente:
- Pequenas compras em supermercados, como alimentos ou produtos de higiene;
- Medicamentos e produtos essenciais em farmácias;
- Deslocações e transportes, incluindo combustíveis ou bilhetes de transporte público;
- Pagamentos urgentes ou de emergência, quando não for possível utilizar cartões ou transferências eletrónicas.
Apesar de útil, a Polícia de Segurança Pública (PSP) alerta para os riscos de ter grandes quantias em casa, principalmente em termos de segurança e de exposição a furtos.
Vantagens de ter dinheiro vivo em casa
Ter algum dinheiro físico disponível em casa não é apenas uma questão de conveniência. Trata-se, na verdade, de uma forma prática de garantir que se consegue lidar com imprevistos, desde falhas técnicas nos sistemas de pagamento até situações de emergência em que bancos e caixas automáticas não estão acessíveis. Garante assim:
- Acesso a um fundo de emergência quando ocorrem apagões, ciberataques ou falhas de rede podem impedir o uso de cartões ou pagamentos digitais.
- Liquidez imediata: permite fazer compras sem depender de bancos ou multibancos. Imagina que o apagão acontece enquanto estás numa caixa de uma mercearia. Se tiveres dinheiro vivo contigo poderás pagar as tuas compras;
- Autonomia: reduz a dependência de sistemas eletrónicos, que nem sempre estão disponíveis.
Como guardar dinheiro em casa: 5 dicas seguras
É aqui que muitos portugueses terão dúvidas. Guardar dinheiro em casa exige criatividade e também algum cuidado. Aqui ficam algumas estratégias de locais onde poderás guardar o teu dinheiro:
- Num vaso: as plantas em casa podem ser aliadas na proteção da poupança. Coloca o dinheiro num saco hermético no fundo de um vaso grande. Assim, ninguém conseguirá perceber que a terra esconde notas. Protege sempre o dinheiro da humidade para não danificar as cédulas;
- Num brinquedo: se tens brinquedos decorativos ou peças que não são usadas pelas crianças, podes aproveitar para esconder dinheiro no seu interior. É improvável que um ladrão procure dinheiro no quarto dos mais pequenos, mas evita que os brinquedos fiquem ao alcance das crianças, para prevenir acidentes.
- No bolso de um casaco: guardar dinheiro em bolsos de casacos menos usados pode ser eficiente. Distribui pequenas quantias por vários casacos para reduzir os riscos. Atenção apenas a não esquecer onde colocaste a reserva, para não seres apanhado de surpresa;
- Dentro de um livro: o clássico esconderijo em livros continua válido, especialmente em estantes grandes e cheias de volumes. A vantagem é que não precisa de proteção adicional, mas cuidado ao emprestares estes livros “com presentes” a amigos.
- Num local que ninguém saiba: podes considerar guardar o dinheiro em caixas de sapatos escondidas em armários, em recipientes de armazenamento que existam na cozinha ou na arrecadação, em latas recicladas ou em compartimentos secretos dos móveis.
A chave é escolher lugares improváveis e manter algum sistema de referência, para não perder a própria poupança.
É possível ter dinheiro guardado debaixo do colchão?
Hoje em dia, “guardar dinheiro debaixo do colchão” é sobretudo uma força de expressão. No entanto, o recente conselho do Banco de Portugal veio confirmar que ter algum dinheiro físico em casa pode ser prudente, especialmente para lidar com imprevistos como falhas de energia, cortes nas comunicações ou situações em que os sistemas eletrónicos deixam de funcionar.
O montante ideal a manter em numerário deve ser aquele que te permita fazer face a uma despesa inesperada, nem mais, nem menos. Para ajudar a calcular esse valor, as famílias deverão ter uma reserva financeira equivalente a entre 6 e 12 meses das suas despesas fixas mensais (com energia, telecomunicações, roupa, alimentação...) garantindo assim uma almofada de segurança em caso de emergência.
Que riscos corres ao ter muito dinheiro físico em casa?
Guardar dinheiro em casa pode parecer uma medida de segurança, mas não está isento de riscos. Antes de optares por manter grandes quantias em numerário, considera o seguinte:
- Roubo: o dinheiro físico é um alvo fácil em caso de assalto, já que não tem a proteção de uma conta bancária;
- Perda de rendimento: ao guardares dinheiro em casa, deixas de beneficiar de juros ou rendimentos financeiros, perdendo todo o potencial de valorização;
- Inflação: com o passar do tempo, o dinheiro em espécie perde poder de compra, tornando-se menos eficiente como reserva de valor;
- Digitalização do euro: com a chegada do euro digital, o acesso a dinheiro físico poderá tornar-se mais limitado no futuro, reduzindo a utilidade de manter grandes quantias em casa.
Quais são as regras sobre o dinheiro físico em casa?
Em Portugal, guardar dinheiro em casa é totalmente legal, desde que seja para uso pessoal. No entanto, existem regras claras quando se trata de pagamentos em numerário, que visam prevenir fraudes, lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Os limites aplicáveis são os seguintes:
- Residentes: podem efetuar pagamentos em dinheiro até 3.000 euros por transação.
- Não residentes: o limite sobe para 10.000 euros por operação.
- Comerciantes e empresários: o valor máximo permitido em transações em numerário é de 1.000 euros.
- Pagamento de impostos: só é permitido pagar até 500 euros em dinheiro por cada pagamento.
Ultrapassar estes limites pode levar a sanções legais, com multas que variam entre 180 e 4.500 euros, dependendo da gravidade e do valor envolvido. Por isso, é importante conhecer estas regras antes de manter grandes quantias em casa ou tentar efetuar pagamentos elevados em numerário.
Quanto dinheiro posso levantar por dia na caixa automática do Multibanco?
Desde 15 de fevereiro de 2005, existem regras claras para os levantamentos de dinheiro nas caixas automáticas do Multibanco. O limite diário de levantamento é de 400 euros, enquanto o valor mínimo por levantamento é de 10 euros.
No entanto, é importante notar que, mesmo podendo levantar até 400 euros por dia, cada levantamento individual está limitado a 200 euros. Ou seja, para atingir o limite diário máximo, será necessário efetuar dois levantamentos separados no terminal Multibanco à escolha.
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