Todas as quintas-feiras levamos-te a conhecer casas de sonho pelo mundo. Hoje vamos até à Argentina, ao coração de Mendoza. Ali, nas montanhas, ergue-se Brutal Honesty, uma casa que exemplifica o brutalismo moderno, equilibrando força, autenticidade material e integração com a paisagem.
O brutalismo procura mostrar-te a arquitetura como um jogo de massas, de sombras e de texturas sem ornamentos, que dialogam diretamente com o ambiente que a rodeia. Mas, nos últimos anos, tem-se vindo a deslocar para a integração com a paisagem.
Em vez de se impor sobre a natureza, muitos projetos contemporâneos abraçam-na, fundindo-se até ao ponto de se tornarem quase indistinguíveis do terreno. Esse é o caso de Brutal Honesty, uma casa de montanha em Mendoza, na Argentina.
Propriedade emerginda da terra
Concluída em 2024, após seis anos de construção, a casa Brutal Honesty ergue-se à beira de um desfiladeiro em Mendoza, oferecendo-te 571 metros quadrados de pura tensão entre o natural e o construído. A sua estrutura parece surgir diretamente do terreno, com muros inclinados e terraços em balanço que desafiam a gravidade.
A habitação, desenhada pelo estúdio OF Studio, é descrita pelos autores como uma série de formações rochosas abstratas, construídas com muros de contenção da cor da terra, que moldam o espaço “criando uma paisagem que coexiste com o seu entorno”.
O próprio terreno onde se assenta obrigou a organizar o interior da casa, dando origem a três níveis sobrepostos: um piso inferior escavado na rocha, um rés-do-chão parcialmente embutido e um nível superior que se abre para o horizonte. Esta disposição em degraus não só otimiza as vistas para os Andes, como também reforça a sensação de que a casa parece nascer do solo, em vez de estar simplesmente colocada sobre o terreno.
“A estrutura parece emergir da colina, mas afirma uma nova identidade”, explicam desde o estúdio, descrevendo-a como uma obra de ‘natureza abstrata’. Do interior, as vistas panorâmicas de 360 graus revelam-te a imensidão da paisagem desértica, enquanto a materialidade crua do betão conecta-te com o poder telúrico do lugar.
Brutalismo quente
Longe da rigidez formal que por vezes se associa ao brutalismo, neste projeto procurou-se criar uma relação quente e humana com o entorno. A cozinha ocupa o centro da casa, ligando-a amplos espaços comuns que se estendem para o exterior em ângulos suaves e curvos.
Os terraços em diferentes níveis abrem-se para áreas de lazer, uma sala de jogos para crianças e um terraço ajardinado que funciona como um miradouro natural.
“O projeto consiste em criar espaços que transmitam sinceridade, que te conectem com outras pessoas e que te permitam experienciar o entorno como parte da vida quotidiana”, afirma o estúdio. Os proprietários pediram uma casa que respeitasse as vistas e mantivesse a privacidade, e o resultado responde fielmente a essa intenção, criando um refúgio doméstico que te oferece intimidade sem isolar da paisagem.
O material protagonista é o betão à vista, escolhido pela sua ressonância com os materiais e construtores locais. Mas foram-lhe aplicados tons terrosos que se fundem com os da montanha, reforçando a sensação de continuidade natural. “Esta atenção à materialidade ancora a casa no seu lugar, tanto visual como simbolicamente”, explica a equipa.
A nível ambiental, o projeto incorpora estratégias passivas de isolamento térmico, ventilação cruzada e controlo solar, reduzindo significativamente a necessidade de energia, além da instalação de painéis fotovoltaicos, aquecedores solares e de um sistema de reutilização de águas cinzentas.
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