Casa modular no Brasil redefine o design e a estética com fachada verde

Esta quinta-feira levamos-te até ao Brasil para descobrires uma verdadeira casa de sonho: a Casa Jurumirim, um refúgio moderno à beira da albufeira que combina cerâmica verde, madeira laminada e betão polido numa harmonia luminosa com a natureza. 

Idealizada para uma família que procura tranquilidade e ligação ao exterior, esta casa modular transforma luz, ventilação e matéria-prima numa obra de arquitetura tão funcional quanto poética.

André Scarpa

Um corredor de cerâmica verde

Esta casa modular encontra-se junto à da albufeira de Jurumirim, a cerca de quatro horas de São Paulo. Foi desenhada por Nitsche Arquitetos como um refúgio familiar de férias que utiliza blocos de cerâmica verdes na fachada, criando-te um corredor luminoso, fresco e cheio de carácter no interior.

Estes blocos são frequentemente utilizado na construção para dar iluminação natural a espaços escuros. No entanto, o seu uso deixou de ser apenas um recurso funcional e decorativo, para passar a fazer parte do próprio design em certa arquitetura contemporânea.

Estas peças translúcidas ou cerâmicas são usadas para criar fachadas de design – e decorativas por si mesmas – que filtram a luz, dão textura e promovem uma melhor ventilação natural. 

André Scarpa

A casa estende-se por um terreno generoso, com uma área construída de 1.050 metros quadrados (m2), organizada em sete volumes de um único piso.

Os sete blocos, distribuídos em forma de cruz, estão ligados por um longo corredor de quase 50 metros, que se torna a coluna vertebral do projeto. O seu muro, composto por blocos cerâmicos verdes em forma de trevo, funciona como um filtro entre o interior e o exterior. Esta parede filtra a luz, favorece a ventilação cruzada e protege a casa da estrada próxima.

Descritos pelo estúdio como “blocos de cerâmica”, estes elementos reinterpretam os tradicionais blocos de betão perfurados, tão comuns na arquitetura moderna brasileira. Mas, neste caso, o toque de cor confere-lhes uma dimensão mais quente e artesanal. “O nosso objetivo é combinar a racionalidade construtiva com a expressão estética sempre que possível”, explicaram no estúdio.

André Scarpa

O design segue uma filosofia de honestidade material, onde cada elemento revela a sua natureza sem revestimentos nem artifícios. “Foram utilizados poucos acabamentos. Procurámos trabalhar os materiais de forma a revelar as suas qualidades inerentes”, acrescentaram. Assim, os blocos de cerâmica, a madeira laminada, o vidro e o betão polido tornam-se os verdadeiros protagonistas visuais.

Uma casa modular com vista para a albufeira

Para além do corredor cerâmico, a Casa Jurumirim organiza-se com precisão modular, seguindo uma grelha de 3,5 por 7 metros, o que facilita a sua construção e permite que haja uma grande coerência formal entre o conjunto.

André Scarpa

A estrutura principal é construída em madeira laminada colada, escolhida “pela sua grande resistência, pela capacidade de vencer longas distâncias e pela facilidade de transporte e montagem”, segundo o estúdio. Os acabamentos combinam com as paredes envidraçadas com caixilharias de alumínio e pavimentos de betão polido, proporcionando continuidade visual.

André Scarpa

O bloco central acolhe a zona social da casa. Trata-se de um espaço amplo e aberto que reúne sala, cozinha e sala de jantar, abrindo-se por completo para um terraço com vista para a albufeira. Ao lado desse bloco encontram-se seis quartos com casa de banho privada, protegidos do sol por painéis de tecido perfurado em PVC.

“Os painéis dobráveis protegem o interior da luz solar e dos insetos, ao mesmo tempo que permitem a ventilação”, afirma o estúdio.

Do lado da albufeira, uma piscina infinita reforça a sensação de continuidade com a água, acompanhada por uma sauna parcialmente enterrada sob o terraço. Para o lado da entrada, outros dois volumes completam a composição: um destinado ao lazer, com sala de televisão e jogos, e outro reservado aos serviços e áreas técnicas.

André Scarpa

O estúdio descreve a casa como “uma justaposição de materiais de construção, onde cada elemento se apresenta na sua forma real e a sua função específica é claramente compreendida”.