
Há cada vez mais propostas de projetos arquitetônicos "amigos dos animais", que não pensam apenas no conforto humano, mas também no bem-estar dos "patudos". Essas casas possuem espaços adaptados para cães e gatos ou jardins internos projetados para pássaros, a fim de promover a convivência entre as espécies.
No Japão, com o projeto Necklace Villa, decidiram levar essa coexistência um passo adiante. É uma casa de férias localizada na ilha de Awaji, que foi criada especificamente para que humanos e cães vivam juntos de forma livre, harmoniosa e sem barreiras desnecessárias.

Projetada pelo estúdio japonês 1110 Office for Architecture, esta casa em forma de anel oferece uma experiência única: um circuito arquitetónico escalonado onde as divisões são conectados sem paredes e onde os cães podem circular livremente dentro e fora.

Um refúgio circular
Localizada perto da costa norte da ilha, a Necklace Villa responde ao rápido desenvolvimento urbano da área. "Em resposta à paisagem cada vez mais parecida com um parque temático, perguntamo-nos quais aspetos permanecerão inalterados e como a arquitetura deve responder a essa transformação", explica o estúdio.

A solução foi construir um conjunto de volumes escalonados dispostos em forma de anel, que circundam um pátio central inclinado. Este projeto evita vistas de casas e estradas próximas e enquadra apenas os elementos naturais: o céu, a vegetação e o mar. "O nosso objetivo era bloquear as vistas de casas e carros próximos que passavam na estrada, garantindo que apenas o ambiente natural permanecesse visível", explicam desde o estúdio.

A casa é composta por dois volumes fechados em forma de L que descem de acordo com a topografia do terreno. Esse arranjo permite que os pisos sejam escalonados gradualmente, ocultando o tráfego rodoviário e minimizando os estímulos visuais para os cães. Isso evita que os animais fiquem chateados ou latam e cria uma atmosfera mais calma para todos na casa.
Arquitetura para todos
Um dos elementos mais marcantes do projeto é o corredor de madeira que circunda o pátio central. Esta estrutura semi-aberta cria um "curral" natural onde os cães podem correr livremente. O mais interessante é que entradas específicas foram projetadas tanto para pessoas quanto para cães, o que reforça a ideia de um uso partilhado do espaço a partir da arquitetura.

"A principal característica das casas-pátio, fechadas por fora e abertas por dentro, foi desconstruída com a mudança da escala das divisões", referem. Em vez de compartimentar, os interiores são organizados por degraus que delimitam os usos sem interromper a circulação. Isso permite que os cães se movam livremente pela casa, mesmo atravessando áreas como a sala ou a cozinha, sem obstáculos.

O uso de materiais também reforça a integração com o meio ambiente. O interior é revestido com tábuas de cedro claro, que trazem calor e continuidade. No exterior, a fachada e a cobertura foram revestidas com painéis de aço castanho-avermelhado, uma escolha que não só protege a estrutura da maresia, como também faz referência às telhas tradicionais da região.
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