
O fumo dos incêndios florestais pode ser mais letal do que as próprias chamas. Além de provocar asfixia, liberta partículas tóxicas que afetam os pulmões, o coração e o cérebro. Neste artigo explicamos por que é tão perigoso, quem corre mais risco e como te proteger eficazmente da exposição ao fumo dos incêndios.
Quando o fumo se dilui na atmosfera, o risco imediato diminui, mas continuam a ser perigosas as partículas finas PM2,5, que penetram profundamente nos pulmões, e o monóxido de carbono (CO), altamente tóxico. Perante estes perigos presentes em Portugal, é importante saber como se proteger do fumo dos incêndios, algo que percebemos melhor ao longo deste artigo.
Por que é perigoso respirar fumo dos incêndios?

O fumo libertado durante os incêndios contém gases tóxicos e partículas ultrafinas (PM2,5) que penetram profundamente nos pulmões e podem atingir a corrente sanguínea.
Além de causarem irritação, estas partículas aumentam o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares, sobretudo em pessoas com saúde mais fragilizada. Além disso, as partículas finas transportam metais e semimetais tóxicos, como arsénio, chumbo ou mercúrio, e podem aumentar a mortalidade mesmo passados alguns dias.
Segundo a Universidade de Stanford, até 70% das mortes em incêndios são causadas por inalação de fumo, e não por queimaduras.
Neste sentido, é ainda mais importante manteres-te informado sobre a qualidade do ar no local onde te encontras, especialmente se vives perto de uma das zonas afetadas pelos incêndios das últimas semanas.
Quando a exposição ao fumo é mais perigosa?
No caso do fumo dos incêndios, há momentos em que a exposição pode ser mais intensa e perigosa, mesmo que o fogo não esteja próximo.
Isto decorre sobretudo pelas condições atmosféricas e pela intensidade do incêndio. Eis os períodos de maior risco:
- Durante a fase ativa do incêndio: liberta-se maior quantidade de gases tóxicos e partículas finas;
- Ao início da manhã e ao final da tarde: o fumo fica mais próximo do solo devido à baixa temperatura;
- Em dias com pouco vento ou com inversão térmica: o ar poluído não circula, acumulando-se nas zonas habitadas.
Mesmo após o incêndio estar controlado podem existir focos de combustão lenta, como raízes ou troncos ainda a arder, o que significa que continuam a libertar fumo e partículas durante vários dias, mantendo o risco para a saúde.
Até onde o fumo dos incêndios pode chegar?

Nos últimos dias, os incêndios em Portugal e Espanha deixaram marcas tão profundas que foram visíveis até do espaço. Imagens de satélite da NASA mostraram um verdadeiro manto de fumo a cobrir grande parte da Península Ibérica, revelando a dimensão da tragédia, que chegou até ao Reino Unido.
Um dos fogos mais devastadores teve início no Piódão, no concelho de Arganil (Coimbra), e só foi dado como extinto ao fim de 11 dias, depois de destruir 64.451 hectares, segundo o relatório nacional provisório do Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF) do ICNF.
As chamas alastraram a vários concelhos vizinhos, entre eles Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital (Coimbra), Seia (Guarda), bem como Castelo Branco, Fundão e Covilhã (Castelo Branco).
Se vives numa destas regiões, mantém-te atento e reforça os cuidados de prevenção.
Quem corre mais risco com o fumo dos incêndios?
Se estás perto de uma zona afectada pelo fumo dos incêndios, deves ter atenção redobrada se tiveres:
- Pessoas com asma, DPOC ou doenças respiratórias;
- Doentes cardíacos, renais ou com sistema imunitário comprometido;
- Crianças, idosos e grávidas;
- Fumadores e pessoas com alergias respiratórias.
Nota que o fumo pode prejudicar o sistema respiratório e cardiovascular, sobretudo se estiveres exposto durante períodos prolongados. O calor, combinado com a inalação de fumos e a elevada concentração de partículas no ar, pode ter efeitos graves na tua saúde.
Como te podes proteger do fumo dos incêndios?

A melhor proteção é permanecer dentro de casa ou num espaço fechado com as portas e as janelas seladas. Esta é uma recomendação da própria Direcção-Geral da Saúde (DGS). Além disso é aconselhável:
- Usar um purificador de ar para filtrar partículas finas. Se não tiveres, opta pelo ar condicionado em modo de recirculação;
- Evitar atividades físicas no exterior, já que o esforço aumenta a quantidade de ar e de poluentes que respiras;
- Se for inevitável sair, usa máscara FFP2, pois é a única que retém as partículas mais perigosas. As máscaras cirúrgicas não oferecem proteção suficiente.
- Mantém-te hidratado, bebendo água regularmente para ajudar o organismo a lidar com as irritações das vias respiratórias;
- Controla o calor dentro de casa, usando ventoinhas ou métodos de arrefecimento seguros, porque o calor em excesso pode agravar os efeitos do fumo no corpo.
Além disso, não devem ser usadas fontes de combustão como o gás ou lenha, e não devem ser realizadas atividades ao ar livre, como piqueniques ou queimadas. Isto pode trazer problemas e prolongar os incêndios.
Quando é seguro voltar à rotina?

Mesmo sem cheiro a fumo, o ar pode continuar poluído. A única forma segura de saber se podes retomar atividades ao ar livre é verificando os índices de qualidade do ar na tua região. Os efeitos nocivos podem surgir dias depois, por isso mantém-te atento a sintomas como:
- Tosse persistente;
- Falta de ar;
- Palpitações ou dor no peito.
Se notares algum destes sinais, procura apoio médico.
Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.
Segue o idealista/news no canal de Whatsapp
Whatsapp idealista/news Portugal
Para poder comentar deves entrar na tua conta