Em junho foi registada uma “vaga de cancelamentos nunca antes vista”, diz a ALEP.
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Alojamento local
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O alojamento local (AL) já está a sentir os efeitos da evolução negativa da pandemia da Covid-19 em Portugal. Só nas últimas semanas de junho, foram canceladas 50 mil reservas no setor, o maior volume dos últimos 12 meses. A Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) vê o verão comprometido e pede apoios “urgentes” para o setor.

Há vários fatores que estão por detrás deste volume de cancelamentos de reservas. “As restrições colocadas a Portugal pelo aumento de casos, agravado pela associação à nova variante Delta, gerou uma nova vaga de cancelamentos nunca antes vista”, disse a ALEP em comunicado enviado à imprensa nacional.

Também a entrada de Portugal na lista vermelha da Alemanha (a 27 de junho) e a saída do país da lista verde do Reino Unido (4 de junho) impactaram negativamente no AL. “Foram os dois piores dias de sempre em termos de cancelamentos. Só no domingo (27 de junho) foram canceladas 3 mil reservas, muitas da Alemanha”, refere a ALEP.

Para Eduardo Miranda, presidente da ALEP, "o problema não são apenas os cancelamentos que colocam a perder o que se conseguiu em maio, mas acima de tudo a quebra de reservas que caiu para menos da metade com tendência à medida que Portugal é classificado internacionalmente como um destino de risco da nova variante. A combinação destes dois fatores é bombástica”, rematou.

Os efeitos nos resultados do AL estão à vista e as perspetivas para o verão não são animadoras. “Junho acabou por se mostrar um fracasso, julho está perdido com os cancelamentos e agosto pode estar comprometido, pois estas vagas levam semanas a serem controladas. Sinceramente, as perspetivas não são nada boas. Tememos pelo futuro não só do alojamento local, mas do Turismo como um todo. Suportar um ano quase sem faturação é um esforço quase desumano, mas perder dois verões seguidos torna a situação quase impossível de resistir sem apoios”, alerta Eduardo Miranda.

Turismo no Algarve
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Revisão dos apoios é “urgente”

Para fazer frente a estas dificuldades, a ALEP afirma que “o Governo precisa adaptar-se rapidamente a esta mudança de realidade” e pede uma revisão “com urgência dos apoios” destinados às empresas do setor. Isto porque há muitos operadores com “quebras de faturação elevadas” e será “difícil as empresas e empresários resistiram a mais um verão quase sem turismo depois de um ano sem receitas”, refere ainda.

É urgente reativar para estes grupos mais fragilizados, programas com fundo perdido do género do Apoiar ou algo similar para ajudar a suportar esta nova quebra. Mesmo o apoio a Tesouraria das Micro e Pequenas do Turismo de Portugal, que teve o fundo perdido cortado em maio, precisa ser retomado com efeitos retroativos, pois apesar de os empresários estarem já muito endividados, ainda há quem precise de apoio a Tesouraria e a banca fechou a porta ao Turismo”, disse ainda o presidente da ALEP.

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