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Aviso aos bancos: "É preciso ter muito cuidado com o crédito à habitação e com os spreads que se dão", diz governador do BdP

Num momento em que os bancos estão a voltar a abrir a torneira do crédito e a entrar numa espécie de nova guerra de spreads mais baratos (ainda que longe dos níveis de antes da crise), o governador do Banco de Portugal (BdP) deixa um claro aviso: "É preciso ter cuidado com o crédito que se dá e com os spreads que se estão a voltar a praticar". 

Mais de 80% do mercado financeiro em Portugal está já a oferecer spreads abaixo dos 2%, numa tendência que se começou a verificar no início do ano, em maior escala. Mas para o presidente do regulador do setor os bancos não se podem esquecer dos erros do passado e com os quais alguns ainda estão a sofrer, nomeadamente, devido ao setor imobiliário.

"É preciso medir os riscos e calcular bem o retorno do investimento. É fácil, nos melhores momentos económicos, dar muito crédito e com spreads baixos, deixando de provisionar o risco associado a esse crédito e não tomar qualquer medida prudencial. Mas isto não pode ser assim. Não nos podemos esquecer da crise tão complicada que tivemos em Portugal", declarou ontem Carlos Costa num pequeno-almoço/conferência em Madrid, organizado pelo Fórum Nova Economia.

No evento em que fez um resumo da situação financeira e económica de Portugal ao longo dos anos da crise e apontou as principais lições e desafios que se colocam ao país, o governador do Banco de Portugal não hesitou em afirmar, e repetir, que "o crédito é como uma droga e um erro cometido hoje custa muito mais e com mais dor dentro de um, dois ou mais anos".

Carlos Costa disse que não está contra a concessão de crédito. Aliás, "a economia precisa de crédito para funcionar". "Agora é preciso ver bem se um cliente tem condições para pagar o crédito não hoje que tudo está bem, mas sim numa situação adversa, ou até muito adversa. É preciso fazer uma avaliação real e um desconto sobre o imóvel que pode desvalorizar. E sobretudo, é preciso provisionar muito bem o crédito hipotecário e não jogar com a confiança dos mercados", referiu. 

 "A qualidade das medidas políticas é crucial para melhorar o crescimento económico"

Continuar a consolidação orçamental, manter a redução de dívida do setor privado, subir a rentabilidade da banca e melhorar o crescimento económico foram outras das mensagens que o governador do BdP transmitiu na conferência, apontando assim os desafios que vê pela frente para o país.

Carlos Costa defendeu que "a qualidade das medidas políticas é crucial para melhorar o crescimento económico", precisamente horas antes de o programa do Governo e as moções de censura ao Executivo liderado por Pedro Passos Coelho, que tomou posse a 30 de outubro, terem ir ao Parlamento.

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