A taxa de juro média dos novos empréstimos para comprar casa subiu para 1,88% em julho, o maior aumento mensal em 19 anos.
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taxa de juro nos novos empréstimos
Foto de Andrea Piacquadio @Pexels

A escalada das Euribor, que saíram de terreno negativo e não têm parado de subir, desde que o Banco Central Europeu decidiu rever em alta as taxas diretoras, está a ter efeitos práticos no mercado de crédito habitação em Portugal. A taxa de juro média dos novos empréstimos para comprar casa em julho subiu para 1,88% (face aos 1,47% de junho), o valor mais alto desde agosto de 2016, e que corresponde à maior subida mensal da taxa de juro média em 19 anos. Ou seja, desde 2003, data que marca o início da série estatística do Banco de Portugal (BdP).

"Esta evolução está em linha com a subida das taxas médias da Euribor em junho, pois existe, tipicamente, um desfasamento de um mês entre as taxas de juro Euribor e o seu reflexo nas taxas de juro aplicadas", explica o BdP, na nota de informação estatística de julho de 2022, publicada hoje, dia 01 de setembro de 2022.

Juros no crédito habitação dão maior salto desde 2003
Nota de informação estatística de julho de 2022 Banco de Portugal

Maior fatia do crédito dado pela banca a particulares é para comprar casa


Mais de metade do montante dos novos empréstimos à habitação utilizou como indexante a Euribor a 12 meses, cujo valor médio subiu de 0,29% em maio, para 0,85% em junho. Já nos novos empréstimos ao consumo, a taxa de juro média aumentou para 7,88% (7,79% em junho).

Juros no crédito habitação dão maior salto desde 2003
Nota de informação estatística de julho de 2022 Banco de Portugal


Os bancos concederam 1.963 milhões de euros de novos empréstimos aos particulares, menos 138 milhões de euros do que em junho:

  • 1.345 milhões de euros de crédito à habitação (menos 57 milhões de euros do que no mês anterior),
  • 454 milhões de euros de crédito ao consumo
  • e 164 milhões de euros de crédito para outros fins.

Nos novos empréstimos ao consumo, a taxa de juro média aumentou para 7,88% (7,79% em junho).

Também nos financiamentos às empresas, a taxa de juro média voltou a aumentar, fixando-se em 2,63% (2,16% em junho). E subiu tanto nos empréstimos até 1 milhão de euros (de 2,27% para 2,76%), como nos empréstimos acima de 1 milhão de euros (de 1,99% para 2,40%).

Depósitos com remuneração mais alta, mas pouco

E se por um lado, o dinheiro está mais caro para a economia, na hora de pedir um crédito. Também é verdade que a remuneração das aplicações de poupança começa a subir, ainda que de forma tímida, até agora.

No que respeita aos depósitos, o Banco de Portugal informa que, em julho, os particulares somaram um total de 3.854 milhões de euros (3.707 milhões de euros em junho).

E do montante de novos depósitos constituídos em julho, 88% foi aplicado em depósitos a prazo até 1 ano, cuja taxa de juro média foi igualmente de 0,09%. "A taxa de juro média destes depósitos sobe pelo segundo mês consecutivo, após nove meses em que se manteve em 0,04%", destaca o banco central.

Por sua vez, o INE informou esta semana que as poupanças das famílias portuguesas nos bancos atingiram, em julho, um novo recorde de 182,7 mil milhões de euros — um aumento de 7,2% face ao mesmo mês de 2021, o valor mais elevado de sempre. Contudo, no mesmo mês, a inflação homóloga fixou-se em 9,1%, o que quer dizer que o montante total dos depósitos vale, neste momento, menos 16,6 mil milhões de euros, em termos reais.

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