
Os efeitos da escalada da Euribor, a par da subida das taxas de juros de referência por parte do Banco Central Europeu (BCE), são cada vez mais evidentes nos contratos de crédito habitação, com efeitos no valor da prestação da casa a pagar ao banco, cada vez mais alto - sobretudo nos empréstimos mais recentes. Os dados do INE, publicados hoje, mostram que a taxa de juro subiu para 0,912% em julho - mantendo a tendência de subida, registada desde abril deste ano. Já a prestação média ficou três euros mais cara, passando a ser de 264 euros.
"A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação foi 0,912% em julho, subindo 5,4 pontos base (p.p.) face a junho (0,858%)", revela o relatório do INE - Instituto Nacional de Estatísticas, divulgado esta quinta-feira, dia 18 de agosto de 2022, atingindo-se assim o valor mais elevado desde novembro de 2020.
A taxa de juro implícita no conjunto de créditos habitação em Portugal está a subir há quatro meses consecutivos, tal como confirmam os dados do INE:
- em abril, atingiu os 0,805%;
- em maio, os 0,826%;
- em junho, os 0,858%:
- em julho, os 0,912%.
Segundo o relatório do INE, no caso dos contratos celebrados nos últimos três meses a taxa de juro subiu de 1,158% em junho para 1,289% em julho.
Por sua vez, também em julho, o capital médio em dívida aumentou 344 euros, fixando-se em 60.405 euros. Nos últimos três meses foi de 127.678 euros, ou seja, é agora mais 627 euros que em junho.
Já a prestação média apresentou uma subida de três euros, para 264 euros. Segundo o INE, deste valor, 46 euros (17%) correspondem a pagamento de juros e 218 euros (83%) a capital amortizado, sendo que nos últimos três meses o valor médio da prestação subiu 16 euros, para 425 euros.
Porque sobem as taxas de juro nos créditos habitação?
Em concreto, foi a partir de 4 de fevereiro que as taxas Euribor começaram a dar sinais de subida, reagindo à então anunciada subida da taxa de juro diretora pelo Banco Central Europeu (BCE). E este movimento ascendente agudizou-se com o eclodir a guerra da Ucrânia, que veio mexer com as economias dos países. O travão à exportação de petróleo da Rússia e à produção de cereais na Ucrânia foram dois fatores que influenciaram – e muito – o aumento da inflação na Europa (8,9% na zona euro e 9,8% na UE em julho) e em vários países do mundo.
Na tentativa de baixar a inflação, vários bancos centrais começaram a subir as taxas de juro diretoras, tal como fez o BCE, subindo as taxas de juro diretoras em 50 pontos base pela primeira vez em 11 anos. E como a variação dos juros do BCE influencia intimamente a evolução das taxas Euribor, antecipa-se que estas aumentem ainda mais nos próximos meses.
Esta subida das taxas Euribor - que estiveram negativas mais de 5 anos - influencia a maioria dos créditos habitação em Portugal, já que são de taxa variável. Ou seja, assim que as prestações da casa forem atualizadas (a 3, 6 ou 12 meses), serão aplicadas novas taxas de juro, mais altas. Além disso, os empréstimos habitação mais recentes foram contratados com juros mais elevados.
Em julho, as taxas médias da Euribor subiram para todos os prazos:
- Euribor a 12 meses fixou-se nos 0,992% (0,852% em junho);
- Euribor a 6 meses situou-se nos 0,466% (mais 0,303 pontos percentuais (p.p) do que em junho)
Isto fez com que as prestações da casa dessem um salto em agosto, em várias dezenas de euros, como explicamos neste artigo, com base em simulações realizadas pelos especialistas do idealista/créditohabitação.
A importância de saber o valor das taxas de juro para as famílias e a economia
Para o destino de financiamento de aquisição de habitação, o mais relevante no conjunto do crédito à habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos subiu para 0,928% no mês em análise (+5,4 pontos base face a junho).
As taxas de juro implícitas no crédito à habitação têm como objetivo fornecer indicadores do esforço financeiro assumido pelas famílias e pelo Estado no crédito à habitação e baseiam-se num procedimento administrativo que utiliza informação das instituições bancárias, enviada ao INE ao abrigo de um protocolo, explica o instituto.
O próximo relatório sobre taxas de juro implícitas no crédito à habitação será publicado em 20 de setembro de 2022.
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