
Dada a alta subida dos juros nos créditos habitação, o Conselho de Ministros deu luz verde ao diploma que vem definir um conjunto de medidas de apoios às famílias, permitindo, por exemplo, a renegociação dos empréstimos da casa para quem tenha uma taxa de esforço acima de 36%, desde que o financiamento bancário seja inferior a 300.000 euros. Sobre estas novas regras no crédito habitação, o presidente executivo do Novo Banco garante que a instituição bancária está a “operacionalizar o mais rápido possível” as novas medidas. Mas Mark Bourke entende a renegociação dos créditos da casa já é uma “prática bancária normal”.
Em reação a este novo conjunto de regras para renegociar o crédito habitação, o CEO do Novo Banco adiantou que “a primeira coisa é operacionalizar o mais rápido possível e certificarmo-nos que vamos disponibilizar isso aos nossos clientes, como fizemos com as moratórias", disse o banqueiro citado pelo Jornal de Negócios.
Mas, por outro lado, Bourke entende que este novo decreto-lei não acrescenta muito ao que os bancos já são obrigados a fazer, que é ativar o plano PARI – Plano de Ação para o Risco de Incumprimento sempre que uma família esteja em risco de não cumprir com o pagamento da prestação da casa. Para o líder do Novo Banco, este diploma é "literalmente uma codificação do que deveria ser uma prática normal" nas instituições bancárias, afirmou citado pelo mesmo jornal.
Foi no passado dia 3 de novembro que o Governo de António Costa aprovou o diploma vem definir um conjunto de medidas de acompanhamento e mitigação do aumento da taxa de esforço no crédito habitação. A ideia passa por renegociar os empréstimos habitação, seguindo determinada regras, de forma que as famílias consigam pagar as prestações da casa com menor dificuldade, sem que a renegociação do crédito traga custos adicionais. Além disso, o diploma também prevê a suspensão da comissão de amortização antecipada do crédito habitação até 2023.

Quase 40% dos empréstimos do Novo Banco são créditos habitação
Nos primeiros nove meses do ano, o Novo Banco sentiu que o crédito a clientes “aumentou em todos os segmentos”, tendo o crédito a clientes (bruto) totalizado 25.823 milhões de euros (+3,7% vs 2021), dos quais:
- 56% concedido a empresas (mais um ponto percentual face a dezembro de 2021);
- 39% de crédito habitação (menos um ponto percentual);
- 5% de crédito ao consumo e outros.
Os recursos totais de clientes cresceram 3,0% face a dezembro de 2021 e o aumento dos depósitos de clientes foi de 4,6% (+1.300 milhões de euros), referem em comunicado enviado à Comissão de Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) sobre os resultados do período.
“O produto bancário comercial ascendeu a 209,2 milhões de euros, resultado da evolução positiva das taxas de juro com reflexo no desempenho da margem financeira (+2,5%; +3,4 milhões de euros), que mitigou parcialmente o menor desempenho dos serviços a clientes (-5,7%; -4,3 milhões de euros)”, detalha
Nos primeiros nove meses do ano, o rácio de créditos não produtivos (NPL) do Novo Banco era de 5,0% (abaixo dos 5,7% de dezembro de 2021).

Lucros do Novo Banco aumentam 178%
Os resultados do período mostram que o Novo Banco alcançou um resultado líquido de 428,3 milhões de euros, um crescimento de 178% face ao mesmo período do ano passado. Este aumento dos lucros entre janeiro a setembro de 2022 – de mais de 274,3 milhões de euros -, mostra o “crescimento sustentado do negócio demonstrativo da capacidade de geração de receita e capital, apesar do atual contexto macroeconómico, pressões inflacionistas e subida das taxas de juros”, explicam desde o banco.
Os outros resultados de exploração foram positivos em 88 milhões de euros, “justificados maioritariamente pela mais-valia obtida com a venda do edifício da sede (71,5 milhões de euros; 67,0 milhões de euros líquido de contingências)”, e o montante afeto a imparidades e provisões totalizou 2,7 milhões de euros, “reflexo, maioritariamente, da reversão de imparidades e provisões específicas e da normalização do balanço do banco”.
“O crescimento da atividade nos primeiros nove meses de 2022, reflexo da estratégia de crescimento sustentado do negócio bancário em Portugal, com geração crescente de receita e capital, conduziu à criação de valor para todos os stakeholders” , Mark Bourke, CEO do Novo Banco
Até setembro, a margem financeira totalizou 405,9 milhões de euros (-5,6% em termos homólogos), “refletindo a melhoria da taxa média dos ativos, o custo suportado com as emissões de dívida sénior no quarto trimestre de 2021 e o registo conservador dos juros para o TLTRO III no terceiro trimestre de 2022”.
“O desempenho da atividade está em linha com as expectativas para setembro de 2022, apesar do atual contexto macroeconómico caracterizado por pressão inflacionista e consequente volatilidade das taxas de juro, agravado pelo conflito na Ucrânia”, sustenta o Novo Banco.
*Com Lusa
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