Com o objetivo do banco central baixar a inflação para 2%, famílias com créditos de taxa variável vão sofrer novo agravamento.
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Taxas de juro em Inglaterra
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Lusa
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O Banco de Inglaterra (Bank of England, BoE) subiu, esta quinta-feira, a taxa diretora de 4,25% para 4,5%, o nível mais alto desde 2008, para controlar a inflação no Reino Unido, que ficou em 10,1% em março. O banco central tomou a decisão no final de uma reunião do seu comité de política monetária, que tem por objetivo controlar o crescimento dos preços em torno de 2%.

Na reunião de fevereiro, o Banco de Inglaterra tinha antecipado que a inflação iria baixar consideravelmente no final deste ano, depois de meses de subidas devido ao aumento dos preços da energia a nível mundial por causa da guerra na Ucrânia.

A inflação continua elevada devido ao aumento contínuo dos preços dos produtos alimentares e bebidas, embora os analistas tenham estimado uma descida em março para 9,8%.

Subida dos preços dos alimentos não deixa baixar a inflação

Sete dos nove membros do comité votaram a favor da subida das taxas de juro, depois de terem indicado que a inflação continua a ser mais elevada do que o previsto devido ao aumento dos preços dos produtos alimentares.

Os outros dois membros do comité, entretanto, quiseram manter o preço do dinheiro, uma vez que estimam que a inflação deverá baixar em 2023, pelo que não viam necessidade de um novo aumento.

  • O banco sublinhou que espera que a inflação atinja o seu objetivo – 2% - até ao final de 2024.
  • No entanto, admitiu que existem "incertezas consideráveis" quanto ao ritmo da descida da inflação.

De acordo com as estimativas do banco, a inflação poderá descer para 5,1% no quarto trimestre do ano, o que cumpriria o objetivo do Governo conservador de reduzir a inflação para metade.

Famílias com créditos de taxas variáveis vão sofrer novo aumento na prestação da casa

Este novo aumento é um duro golpe para os britânicos que têm créditos de taxa variável, uma vez que os seus pagamentos mensais aumentarão, enquanto os que contraem empréstimos também verão os seus pagamentos de juros mais caros, enquanto a medida favorecerá os aforradores.

O ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, afirmou que "embora seja uma boa notícia o facto de o Banco de Inglaterra já não prever uma recessão, a subida das taxas de juro de hoje será obviamente muito dececionante para as famílias com hipotecas".

"Mas, a menos que combatamos a subida dos preços, a crise do custo de vida continuará, e é por isso que temos de estar determinados a manter o nosso plano de reduzir a inflação para metade até ao final do ano", disse Hunt aos meios de comunicação social.

Também numa conferência de imprensa, o governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, admitiu que as incertezas sobre as perspetivas económicas globais "continuam elevadas".

O comité de política monetária vai "acompanhar de perto" os sinais de pressões inflacionistas e, "se houver provas de pressões mais persistentes, será necessário um novo aperto da política monetária", sublinhou o governador.

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