Ismael Clemente, CEO da Merlin, sobre o futuro do imobiliário após a pandemia e num cenário de alta inflação e guerra na Ucrânia.
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efeitos da guerra no imobiliário
Ismael Clemente, CEO da Merlin idealista/news

Ismael Clemente, CEO da Merlin, marcou presença na IV edição da conferência Iberian REIT&Listed, em Madrid (Espanha) para debater o futuro do setor imobiliário após a pandemia da Covid-19 e num cenário em que a inflação dispara e a guerra na Ucrânia veio gerar um clima de incerteza. "Se o conflito durar muito tempo, as previsões imobiliárias para 2022 serão afetadas. Sabemos que virá um ano de grande explosão de investimentos, mas não sabemos se será este ano, 2023 ou 2024", declarou a este respeito.

De qualquer forma, o gestor mostra-se otimista sobre as outras questões que podem afetar o setor imobiliário ibérico "Continuamos a acreditar que 2022 vai ser bom. Na faculdade de Ciências Económicas ensina-se a gerir tempos de inflação e taxas de juro positivas, mas o que não se aprende é como gerir uma pandemia ou uma guerra", afirmou Ismael Clemente quanto ao cenário macro que se avizinha.

Por sua vez, Pere Viñolas, CEO da Colonial, referiu-se às experiências dos últimos dois anos, especialmente no segmento de escritórios. "Tivemos uma queda na atividade económica, porém não vimos um colapso no setor imobiliário. O que temos feito foi insistir no setor 'prime', oferecer sustentabilidade e experiência para que o trabalhador considere o escritório um melhor lugar para trabalhar do que em casa", destacou o gestor no âmbito do evento que teve o idealista como media partner.

O segmento dos centros comerciais foi representado por Miguel Ángel Pereda, presidente do Grupo Lar. "Depois de dois anos estamos numa situação em que as pessoas voltaram aos shopping centers. Estamos a oferecer motivos para que retomem as suas compras nas lojas e esse é o nosso objetivo", explicou.

David Martínez, CEO da Aedas Homes, traçou a realidade do mercado residencial após dois anos de pandemia. “Quando a Covid-19 começou, houve uma queda acentuada na procura e todas as empresas entraram em modo de manter a mão de obra, mas em dois meses a procura de casas voltou e desde então não parou de aumentar. Sim que foi um schock, mas o mercado residencial manteve-se dinâmico e vemos um futuro promissor", declarou neste sentido. Além disso, o gestor mostrou preocupação pela falta e custos dos materiais, e não tanto com a inflação e o suposto aumento futuro das taxas de juros.

"Ainda temos elasticidade nos preços. Não estou preocupado com as entregas de habitação em 2022 e as de grande parte de 2023 porque os contratos estão quase todos fechados, mas os de obras futuras", salientou. "Agora é quase impossível conseguir um contrato chave na mão", acrescentou sobre o mercado de arrendamento.

Para fechar a mesa redonda, o moderador perguntou a todos os participantes sobre as suas maiores preocupações em relação ao futuro imediato. "Um cenário apocalíptico em que a Rússia usa armas nucleares na guerra e a OTAN responde a esses ataques. Isso geraria uma grande instabilidade", explicou Clemente. "A sustentabilidade é minha maior preocupação porque é o caminho para conseguir mais financiamento", disse Martínez.

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