A subida generalizada dos preços está a fazer-se sentir na carteira dos portugueses, uma realidade que tem vindo a ser sentida desde o início do ano que se agravou com a guerra na Ucrânia. E os dados provisórios do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para um aumento da inflação em Portugal na ordem dos 7,2% em abril, sendo este o maior valor registado desde março de 1993 - os dados definitivos vão ser publicados no próximo dia 11 de maio. Já na Zona Euro, a inflação deverá ter subido ainda mais em abril para 7,5%, segundo a estimativa rápida do Eurostat.
A inflação é medida pela taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC). E se as estimativas do INE se confirmarem, quer dizer que a inflação em Portugal terá dado o salto de 1,9 pontos percentuais em relação a março, quando se fixou em 5,3%.
Excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos, a variação homóloga da inflação terá subido 5,0% em abril – mais 1,2 pontos percentuais (p.p) que em março -, tendo este sido o maior valor registado desde setembro de 1995, refere o boletim de estimativa rápida do Índice de Preços no Consumidor do INE, publicado esta sexta-feira, dia 29 de abril de 2022
E estima-se ainda que nos últimos 12 meses, este indicador tenha subido, em média, 2,8% por mês, tal como aponta o gabinete de estatística português. Já a variação mensal do IPC ter-se-á fixado em 2,2% em abril, contra os 2,5% registados em março e os 0,4% em abril de 2021.
Preço da energia subiu 26,7% e dos produtos alimentares 9,5%
Mas quanto estão a aumentar os preços da energia e dos produtos alimentares? É precisamente nestes dois setores que os portugueses têm sentido mais a subida dos preços. E o instituto de estatística estimou, em concreto, quanto tendo por base a variação homóloga da inflação:
Índice relativo aos produtos energéticos: o INE estima que a taxa de variação homóloga se situe nos 26,7% (19,8% no mês precedente), o valor mais alto desde maio de 1985;
- Índice referente aos produtos alimentares não transformados terá apresentado uma variação de 9,5% (5,8% em março).
Já o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) – que é utilizado pelo Banco Central Europeu para comparar a inflação entre os diferentes países europeus, tal como explicamos neste artigo - terá registado em Portugal uma variação homóloga de 7,4% (5,5% no mês anterior).
Quanto sobe a inflação pelos países da Europa?
A inflação também está a subir na Zona Euro. De acordo com a estimativa rápida do Eurostat publicada esta sexta-feira, a inflação anual deverá fixar-se em 7,5% em abril, 0,1 pontos percentuais (p.p) acima dos 7,4% registados em março. Os dados definitivos vão ser publicados no próximo dia 18 de maio.
Olhando para as principais componentes da inflação na Zona Euro, o gabinete de estatística europeu revela quais são as que deverão incrementar mais os preços, segundo estima:
- Energia: deverá ter a taxa homóloga mais elevada em abril, de 38,0% ( ainda assim inferior à registada em março de 44,4%);
- Alimentação, álcool e tabaco: estima-se que os preços subiram 6,4% em abril, mais 1,4 p.p face aos 5,0% de março;
- Bens industriais não energéticos: preços deverão subir 3,8%, face a 3,4% em março
- Serviços: estima-se um aumento dos preços na ordem dos 3,3%, face aos 2,7% observados no mês anterior.
Mas em que países do espaço europeu a inflação está mais alta? Na Estónia é onde mais se sente a subida generalizada dos preços, já que a inflação deu mesmo o salto para os 19% em abril (14,8% em março). Logo a seguir está a Lituânia (16,6% em abril) e a Letónia (13,2%).
Há um total de onze países com taxas de inflação anuais superiores à média da Zona Euro (7,5%). Portugal continua abaixo desta linha, embora esteja cada vez mais próximo da média europeia. Isto porque, recorde-se, o IHPC usado para comparar a inflação nos diferentes países europeus subiu para 7,4% em abril, estando apenas a 0,1 p.p da média europeia.
Na cauda da europa com as taxas de inflação mais baixas está Malta (4,9%), França (5,4%) e a Finlândia (5,6%), mostram os dados.
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