A inflação e a crise energética vieram obrigar a política monetária da zona euro - e não só - a dar uma volta de 360 graus e levaram o Banco Central Europeu (BCE) a subir as taxas de juro diretoras em 125 pontos base em 2022. E ficou bem claro que haverá mais subidas dos juros diretores nas próximas reuniões, de forma a travar a inflação que se faz sentir no espaço europeu (atingiu os 9,1% em agosto). A questão agora prende-se com a dimensão da próxima subida dos juros. E sobre este ponto não há consenso entre os bancos centrais da Zona Euro. Em cima da mesa, estão subidas de 50 ou 75 pontos base.
“As pressões sobre os preços continuarão a ganhar força e a generalizar‑se ao conjunto da economia, podendo a inflação voltar a subir no curto prazo”, reconheceu o BCE no rescaldo da última reunião do Conselho de Governadores.
É por isso que o supervisor europeu “espera continuar a aumentar as taxas de juro” nas próximas reuniões de acordo com os indicadores económicos, referiram em comunicado. E Christine Lagarde, presidente do BCE, indicou que os juros poderão subir mais três ou quatro vezes, até porque ainda “estamos longe das taxas de juro necessárias para levar a inflação de volta à meta de 2%", o nível em que é assegurada a estabilidade dos preços.
"Faremos o que temos de fazer, que é continuar a subir as taxas de juro nas próximas reuniões”, sublinhou a presidente do BCE. A ideia do regulador europeu passa por aumentar as taxas de juro até um nível neutral, que não estimule nem restrinja o crescimento económico. "O nosso objetivo primário não é reduzir o crescimento, não é colocar as pessoas no desemprego, não é criar uma recessão. O nosso objetivo prioritário é a estabilidade dos preços e temos de o conseguir fazer", explicou Christine Lagarde citada pelo Negócios.
Qual pode ser o novo aumento dos juros diretores?
Sobre a dimensão do aumento os juros, as opiniões dos membros do BCE e governadores dos bancos centrais dividem-se. Há quem defenda uma subida mais agressiva de 75 pontos base e outros um aumento de 50 pontos. A decisão será tomada na próxima reunião agendada para 27 de outubro, altura em que estarão reunidos todos os dados macroeconómicos, inclusive os da inflação de setembro.
- Um dos membros do BCE que defende uma subida dos juros mais agressiva é o governador do Banco Central da Eslováquia: "Uma subida de 75 pontos base é uma forte possibilidade para a próxima reunião para manter o ritmo de aperto da política monetária", defendeu Peter Kazimir, sublinhando que “temos de ser vigorosos, até mesmo implacáveis, apesar do risco de uma recessão".
- E o mesmo defende o governador do Banco Central da Letónia: Martins Kazaks é a favor de voltar a subir as taxas de juro diretoras em 75 pontos bases na próxima reunião, registando, assim, o segundo aumento histórico desta dimensão.
- Também o finlandês Olli Rehn admitiu a possibilidade de os juros diretores subirem 75 pontos base. "Há argumentos para uma nova significativa subida das taxas, seja de 75 ou de 50 pontos base", disse o governador do Banco da Finlândia à Reuters.
- Já Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, não apoia uma subida das taxas de juro em 75 pontos. Isto porque, segundo explica, com um aumento excessivo das taxas de juros para conter a inflação há o risco de enfraquecer a economia, numa altura em que se vive o risco de uma recessão, devido também ao agravamento da crise energética. É por isso que o governador do Banco de Portugal defende "medidas e equilibradas" que possam ser uma "fonte de estabilidade", cita a Bloomberg.
- Também o governador do banco central da Lituânia e membro do BCE, Gediminas Simkus, admite uma subida dos juros de, pelo menos, 50 pontos base na próxima reunião marcada para outubro, dado que “as tendências inflacionistas estão a intensificar-se".
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A inflação e a crise energética vieram obrigar a política monetária da zona euro - e não só - a dar uma volta de 360 graus e levaram o Banco Central Europeu (BCE) a subir as taxas de juro diretoras em 125 pontos base em 2022.
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