
Estará o ciclo de aperto da política monetária o Banco Central Europeu (BCE) a acabar? Quantos aumentos das taxas de juros diretoras estão ainda por vir? Ainda não há respostas para estas questões. O que se sabe é que é “muito provável” que esteja à espreita um novo aumento dos juros na próxima reunião de dia 27 de julho, tal como alertou Christine Largarde. E há pressões vindas do Parlamento Europeu para que o BCE pare de subir os juros depois do verão, para evitar uma recessão económica profunda.
O guardião do euro continua convicto em seguir a sua política monetária que elevou a principal taxa de refinanciamento para os 4%, o maior valor desde 2008. Tudo para que a inflação na Zona Euro baixe rumo ao objetivo de 2%, o nível em que é assegurada a estabilidade de preços.
Sobre o futuro, a presidente do BCE Christine Lagarde adiantou que “é muito provável continuar a aumentar as taxas em julho”, recusando a ideia de fazer uma pausa na subida dos juros – pelo menos, para já. Este será o caminho a seguir “a menos que haja uma mudança significativa no cenário base”, isto é, que haja uma descida significativa da inflação no espaço europeu.
O que vai acontecer a seguir é ainda uma incógnita. Mas há quem já faça as suas previsões, como é o caso da Goldman Sachs, que acredita que o BCE avance com mais três subidas das taxas de juro (de 25 pontos base), seguindo-se um período de estabilização dos juros em alta. Só no fim de 2024 é que são esperados cortes na taxa de juro, aponta o banco norte-americano.
Tudo isto porque a inflação subjacente – que exclui preços dos alimentos e da energia – insiste em permanecer elevada (fixou-se em 5,4% em junho, contra 5,3% em maio). “Existe um risco material de que se instale uma psicologia inflacionista, onde aumentos de salários e de preços começam a reforçar-se mutuamente. [Nesse sentido] as taxas de juros podem precisar de permanecer mais altas por mais tempo do que as pessoas e os investidores esperam”, alertou o BIS.
Já Mário Centeno acredita que só depois do verão é que pode haver uma “maior previsibilidade” sobre a evolução das taxas de juro. Isto porque, recorda, a política monetária do BCE é decidida reunião a reunião, sendo baseada em dados e no contexto informativo que não é o de hoje.

Porque é que o BCE está a ser pressionado a parar a subida dos juros?
A verdade é que já tem havido pressões no Parlamento Europeu para que o BCE coloque um ponto final na subida de juros depois do verão. “Após o verão, serão muito importantes os sinais que o BCE vai dar à economia. Deve ser dado tempo para que as medidas [de aperto monetário] já tomadas surtam efeito. Para se evitar morrer pela cura”, disse o eurodeputado português Pedro Marques que participou numa reunião com Christine Lagarde, citado pelo Expresso.
“Numa altura em que várias economias já revelam dificuldades, é tempo de dar tempo aos aumentos de juros para produzirem os seus efeitos. Não é momento para agravar mais a situação das famílias e empresas com mais aumentos de juros. O custo social desta política já é grande e pode ainda ser muito maior, se o desemprego começar a subir, como consequência de mais aumentos de juros”, explicou ainda o eurodeputado português ao mesmo jornal. Na sua visão, se o BCE continuar a subir os juros a este ritmo “pode haver uma recessão brutal”.
Entre os argumentos do especialista para o BCE parar a subida de juros está a queda da inflação na Zona Euro para metade do seu pico, os níveis dispersos da inflação subjacente pelos diferentes países europeus, a descida dos preços da energia que vai repercutir-se na economia em breve e as medidas de apoio desenhadas pelos governos foram, sobretudo, dirigidas aos mais vulneráveis não provocando um “aquecimento” da economia.
Se queres estar informado sobre tudo o que está a acontecer no setor imobiliário subscreve as nossas newsletters diária e semanal.
Para poder comentar deves entrar na tua conta