
A Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) retomou esta quinta-feira, dia 27 de julho, a subida das taxas de juro, depois de ter feito uma pausa em junho, ao aumentar as taxas em 0,25 pontos percentuais. Desta forma, as taxas estão agora numa faixa entre 5,25% e 5,5%, superando os níveis de 2007 e o nível mais elevado desde janeiro de 2002. Uma nova subida dos juros em setembro não é descartada, já que a inflação continua acima do objetivo do banco central.
O Comité Federal de Mercado Aberto (Federal Open Market Committee, FOMC) da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed) decidiu retomar a trajetória de aperto da sua política monetária após a pausa adotada na reunião de junho, depois de dez subidas consecutivas das taxas, alargando para onze os aumentos do preço do dinheiro realizados desde o início da sequência, em março de 2022.
"O Comité continuará a avaliar informações adicionais e as suas implicações para a política monetária. Ao determinar o grau de aperto adicional da política que pode ser apropriado para trazer a inflação de volta a 2% ao longo do tempo, o Comité levará em consideração o aperto cumulativo da política monetária, os atrasos com que a política monetária afeta a atividade económica e a inflação e o desenvolvimento de fatores económicos e financeiros", disse o banco central.
Sobre este ponto, o presidente da Fed, Jerome Powell, avisou que ainda "levará tempo" para ver os efeitos da política monetária do banco central, "especialmente sobre a inflação", que ainda se encontra “bem acima” do objetivo. Isto embora a inflação tenha descido em junho para 3%, o valor mais baixo desde março de 2021. Já a inflação subjacente (que exclui os preços dos produtos alimentares e da energia) continua a ser de 4,8% em termos homólogos. Além disso, os preços das casas, em particular, continuam a subir.
Este novo aumento fará subir as taxas de juro dos empréstimos contraídos pelas famílias – como os créditos habitação - e pelas empresas.

Nova subida dos juros em setembro em cima da mesa da Fed
A próxima reunião da Fed realiza-se a 19 e 20 de setembro. E para já ainda não se sabe qual vai ser o rumo da política monetária, mas todas as opções estão em aberto. Jerome Powell afirmou que, olhando para o futuro, a Fed decidirá se continua ou não a subir as taxas "reunião a reunião", em função dos dados que receber sobre a situação económica do país. E deu nota que Fed ainda não decidiu se vai aumentar as taxas de juro em setembro, estando a aguardar dados da inflação e do emprego para tomar uma decisão. "Essa decisão poderá significar uma nova subida em setembro ou a manutenção do nível atual", disse.
Há ainda "um longo caminho a percorrer" até que a inflação dos EUA regresse ao objetivo da Fed, de 2%, repetiu o presidente da Reserva Federal, tendo mesmo arriscado que o objetivo poderá não ser atingido até cerca de 2025. Perante esta perspetiva, "temos de estar preparados para seguir os dados e, tendo em conta o caminho que já percorremos, também nos podemos dar ao luxo de ser um pouco pacientes", afirmou.
Apesar do atual cenário de subida de juros, Powell sublinhou que a equipa da Fed já não espera uma recessão, apesar de o crescimento económico ter abrandado este ano. Os últimos indicadores sugerem que a atividade económica se expandiu a um "ritmo moderado", mas que a inflação permanece "elevada". De notar ainda que o mercado de trabalho nos EUA continua forte, com a criação líquida de 209 mil postos de trabalho em junho, enquanto a taxa de desemprego desceu uma décima de ponto percentual para 3,6%.
Recorde-se que a Fed começou a aumentar as taxas em 17 de março de 2022, depois de ter sido confrontada com uma inflação descontrolada na sequência da pandemia de Covid-19 e da invasão russa à Ucrânia. Primeiro fê-lo em 25 pontos base e aumentou as taxas em mais 50 pontos de base em maio. Em seguida, começou a carregar no acelerador e efectuou quatro aumentos de 75 pontos base. Em dezembro, aumentou meio ponto e, este ano, começou a abrandar o ritmo com três subidas de 25 pontos de base.
O abrandamento do ritmo tornou-se mais necessário após a incerteza no sistema bancário na sequência da falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank e do resgate do First Republic Bank, que as autoridades norte-americanas conseguiram conter.
*Com Lusa
Para poder comentar deves entrar na tua conta